Time to say goodbye...

Um novo começo

Time to say goodbye...

Um novo começo

Time to say goodbye...

Um novo começo

Time to say goodbye...

Um novo começo

Time to say goodbye...

Um novo começo

Mostrando postagens com marcador resenhas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador resenhas. Mostrar todas as postagens

23 de mai. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 23:48 0 comentários

Era uma vez: A noz de ouro

O livro de estreia de Catherine Cooper ganhou merecidos prêmios. A noz de ouro é uma fantasia infanto-juvenil com elementos de mitologias diversas, bem construída e envolvente, ainda que um tanto acelerada e previsível.

Jack Brenin é um garoto enviado para a Inglaterra para morar com seu avô após o falecimento da mãe. Ele não se sente à vontade e nem parecem gostar dele na pequena cidade de Glasruhen. Mas ele é esperado com anseio por alguns moradores: Nora e Camelin, que depositam no garoto a última chance para salvar a floresta e sua hamadríade, a única restante. Para isso ele, o Eleito, precisa voltar ao passado em uma perigosa missão, que pode custar a vida de seus novos amigos.

A narrativa é ágil, às vezes até demais. Como a história do livro passa-se em um mês, alguns fatos são expostos rapidamente e não há muito tempo para desenvolver os personagens a ponto de amá-los, fora Jack e Camelin. Não que não sejam importantes nem apareçam menos, mas a missão principal é tão antecipada que o livro todo gira em torno disso.

A relação de Jack com o avô, com o pai e os motivos deste o enviar à Inglaterra não são claros nem trabalhados. Talvez seja uma decisão da autora, criando um mundo fantástico que distraísse a criança, Jack, do mundo real e triste em que estava inserido, como um paralelo à situação de inúmeras crianças que fazem isso, mas não são de fato Eleitas para algo, fora da própria imaginação.

Cooper cria elementos interessantes, aproveitando-se bem da magia e lendas de diversos países e expondo bem a cultura céltica, com druidas e a terra de Annwn.

Com alguns conflitos um tanto previsíveis e muitos novos personagens sendo adicionados à trama, não é difícil imaginar o começo de uma nova série. Apesar dos leves defeitos, é encantadora, envolvente e recomendada para todas as idades.

16 de mai. de 2013

Posted by Aline Guevara On 23:58 0 comentários

Era uma vez: Os Sete

André Vianco é um dos nomes mais conhecidos da literatura fantástica brasileira recente e não sem bons motivos. Com uma trajetória tão fantástica quanto a sua literatura, o escritor se esforçou para ver os seus livros ganharem as prateleiras e o primeiro deles, Os Sete, iniciou um dos temas pelo qual ele ficou mais conhecido, os vampiros. E uma das façanhas mais legais de Vianco é que ele traz as criaturas para o nosso próprio ambiente: eles andam, falam e matam em solo brasileiro.

Na trama, acompanhamos primordialmente Tiago, que junto com um amigo descobre em um de seus mergulhos uma caravela portuguesa de quinhentos anos. Mas dentro dela está o maior tesouro: sete caixões feitos de prata que guardavam os cadáveres de condenados acusados de bruxaria. Ignorando os avisos para não abrirem os caixões gravados na prata, pesquisadores da Universidade de Porto Alegre decidem investigar os corpos. E dão início ao despertar dos vampiros lusitanos, um a um.

Cada um dos vampiros tem um "apelido", um nome que os define e geralmente indica os poderes extraordinários que possuem. Temos Inverno, Lobo, Acordador, Espelho e Tempestade, mas também existem aqueles com nomes enigmmáticos, como Gentil e Sétimo, para atiçar a nossa curiosidade sobre qual é o dom desses seres.

Vianco é bem cinematográfico em suas descrições e construções de cena e dá para perceber claramente  as influências audiovisuais do escritor, como filmes, séries e videogames. Algumas das cenas, especialmente os ataques dos vampiros, são extremamente elaboradas e visuais - impossível não "vê-las" tomando forma em sua mente. Destaque para o acordar de Inverno e o ataque de Lobo.

Por um lado, Vianco cria um grupo de vampiros com personalidades muito peculiares e interessantes. É divertido acompanhar os vampiros, principalmente Inverno, com toda a sua arrogância e megalomania. Assim como tembém é interessante o passado dos sanguessuga em Portugal. Mas o escritor peca na construção dos personagens humanos, que, infelizmente, são os protagonistas da história. Apesar de estarem inseridos em algumas cenas bacanas, eles são clichês demais e falta carisma.

O clímax do livro também peca em execução. Em essência, ele é exatamente anticlimático. Mas as últimas páginas nos tiram o fôlego e trazem uma surpresa interessante, preparando-nos para o próximo volume da série O Sétimo.

Em Os Sete Vianco ainda estava começando a mostrar o seu talento para criar histórias sombrias, talento que só irá desenvolver cada vez mais nos próximos romances. Mas desde então, ele já demonstrava que era promissor.









13 de mai. de 2013

Posted by Bueno Neto On 00:19 0 comentários

Perdidos no Espaço da TV: Two and a half men - Season 10 Finale


Não sei se todo mundo concorda que Two and a half men perdeu sua força quando Charlie Sheen foi demitido da série, mas com certeza perdeu seu rumo e não consegue encontrar um novo, e não foram falta de tentativas: durante os dois anos sem Sheen a série passou por vérias renovações em sua trama. Jake (Angus T. Jones) foi para exército e tiveram grandes participações de celebridades, principalmente nessa temporada, como Miley Cyrus e Jaime Pressly, porém essas mudanças serviram mais para ajeitar problemas de bastidores do que dar novo ânimo para a série.

Tudo por conta de Angus T. Jones, que nos bastidores fez críticas pesadas a série. Em um depoimento dado ao site religioso Forerunner Chronicles, Angus pediu que as pessoas parassem de assistir Two and a Half Men. Além disso, Jones chamou o programa de "imundo" e se pergunta se atuação é mesmo um trabalho. Depois de toda essa polêmicas, Jones não estará mais no elenco fixo da próxima temporada, mas pode voltar como convidado.

A vida de Jake não foi a única coisa que deixa a série parecer não ter um caminho. O o personagem Walden Schmidt (Ashton Kutcher) até mostrou um amadurecimento de seu personagem, mas parece que nunca encontra seu lugar, ele não tem uma constância em sua personalidade. Ás vezes parece ser um romântico em busca da pessoa certa, outras vezes parece ser apenas outra pessoa interpretando Charlie Harper. Quem está sempre bem é Jon Cryer, que faz o possível com o texto que tem e consegue arrancar boas risadas.

Two and a half men está confirmada para uma nova temporada e esperamos que seja digna de seus tempo áureos e nos faça rir como se Chalie Sheen estivesse nela.

9 de mai. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 23:21 0 comentários

Era uma vez: O Perfume, História de um Assassino

Para alguns, o perfume perfeito é uma mistura das mais variadas flores e temperos. Para Jean-Baptiste Grenouille, protagonista de O Perfume, História de um Assassino, seria uma mistura das essências de garotas. Uma em particular.

Jean-Baptiste não é um humano comum. Ele possui um olfato extremamente apurado, sendo capaz de recordar e catalogar cada cheiro, mesmo quando criança. Isso talvez explique o outro fator curioso: ele próprio não possui cheiro algum. E nem fala.

A alegria de Jean-Baptiste é justamente seu olfato, mas é também sua perdição. Em determinado momento do livro, ele sente um odor magnífico e único que deseja para si, mas não sabe como obter; o cheiro de uma garota.

Trabalhando como aprendiz de um perfumista, Jean-Baptiste aprende a retirar o cheiro das coisas, mas sabe que o que ele mais deseja será difícil e de nada adiantará se não tiver odores complementares que destaquem a nota principal no fim, como todo bom perfume. E então ele começa a matar.

Acompanhar os passos de Jean-Baptiste em toda sua metodologia e obsessão dá muito a que pensar. O medo que os outros sentem dele pela falta de odor se transforma em ódio contra si próprio por não ter justamente o que mais ama - a única coisa que ama. 

A obsessão em conseguir não um odor, mas "O" odor, é lógica e, ao mesmo tempo, corrosiva. A busca incansável pelo que mais deseja pode tornar Jean-Baptiste, sempre tão cuidadoso, em alguém desleixado, além de ser, poeticamente, sua ruína.

O Perfume, História de um Assassino, escrito pelo alemão Patrick Süskind e publicado em 1985 não é para os de estômago fraco. As extensas descrições olfativas podem enojar alguns, ainda mais pela história se passar na Paris do século XVIII, com esgotos a céu aberto que podem ser uma metáfora da hipocrisia e sujeira política e civil da cidade. Leitura obrigatória.


25 de abr. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 22:11 0 comentários

Era uma vez: Orgulho e Preconceito

A obra-prima de Jane Austen, Orgulho e Preconceito tem uma história conhecida e precursora de muitas outras, levando protagonistas a se odiarem inicialmente para depois superarem as diferenças e se apaixonarem. Pois então, qual a diferença do livro e do filme de 2005?

Não muita, para falar a verdade. A história ainda segue Elizabeth Bennett, sua família e o relacionamento com Mr. Darcy. Para quem ainda não conhece, a sinopse:

Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, é uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor. No entanto é também um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro, Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.

A narrativa do livro é leve e, na edição comentada (em inglês), muito esclarecedora. Costumes da época e tradições são esclarecidas, como o fato do pai de Elizabeth ter que se apresentar ao Sr. Bingley antes das garotas poderem ser apresentadas, os bailes e danças e seus costumes, o fato de que negar uma dança a alguém significa que a pessoa não iria mais dançar a noite toda - o que explica porque Elizabeth teve que dançar com o chatíssimo Sr. Collins, para poder depois entrar em uma disputa intelectual com Mr. Darcy na dança seguinte.

Para quem quer a história completa, narrando o que aconteceu com as outras irmãs e aspectos mais aprofundados da história, como toda a trajetória de Lydia com os soldados e outros pequenos detalhes, os elogios e histórias da empregada de Mr. Darcy à ele e como isso ajudou a alterar a percepção de Elizabeth, o livro é um prato cheio. Mas o filme Orgulho e Preconceito traduz com perfeição cada página. O recomendado é, portanto, os dois!

18 de abr. de 2013

Posted by Aline Guevara On 15:50 1 comentários

Era uma vez: Contos de Andersen

Quando falamos em autores de contos de fadas, é quase automático nosso pensamento voltar-se para os irmãos Grimm. São deles algumas das mais famosas histórias infantis e os alemães são constantemente homenageados nos cinemas e na televisão. Mas resolvi dedicar esse espaço a outro nome da literatura infantil que não é tão reconhecido quanto os outros dois, mas tem contos tão maravilhosos quanto eles: Hans Christian Andersen (1805-1875). E o livro Contos de Andersen é uma excelente obra que reúne muitas das histórias criadas pelo escritor dinamarquês.

Andersen tem alguns contos bem famosos e que estão contidos no livro, como A Pequena Sereia, O Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio, Mindinha (também conhecida como Polegarzinha), Os Novos Trajes do Imperador,  A Princesa e o Grão de Ervilha. Mas o escritor tem muita outras histórias fantásticas e encantadoras que também merecem reconhecimento, como Os Cisnes Selvagens,  A Menina dos Fósforos, A Rainha da Neve, Os Sapatos Vermelhos, O Isqueiro Mágico, O Guardador de Porcos, entre outros.

Mais uma vez, a narrativa original de Andersen costuma ser muito diferente dos "clássicos Disney felizes e cantantes" a que estamos acostumados. As histórias do dinamarquês têm como característica proeminente a melancolia. A infância pobre e dura na gelada Dinamarca marcaram seu estilo de escrita, que sempre trazem um traço de candura, ingenuidade, mas também uma certa tristeza. Basta comparar a brutal diferença que existe entre o final do conto A Pequena Sereia e a animação homônima da Disney que teve a história como base. 

Hoje existem dezenas de publicações que contém histórias do escritor, mas Contos de Andersen é bem interessante por diversos motivos. Primeiro e mais evidente, é o número de contos. São 47 histórias no total, número muito superior aos outros livros. Segundo, o texto foi traduzido do original dinamarquês para o português por Guttorm Hanssen, com revisão do romancista Herberto Salles. Terceiro, as páginas da edição são ilustradas pelas gravuras originais dinamarquesas de Vilh. Pedersen e Lorens Frolich, que retrataram os personagens de Andersen na época em que seus contos foram lançados. Portanto, esta é uma edição especial.

É um livro indicado a qualquer um que queira conhecer os originais das famosas histórias, quem queira descobrir um pouco mais das outras narrativas de Andersen e, claro, quem adore contos de fadas. 

Confira abaixo todos os contos do livro e algumas ilustrações da obra:

O Isqueiro Mágico
Nicolau Grande e Nicolau Pequeno
A Princesa e o Grão de Ervilha
As Flores da Pequena Ida
O Menino Mau
O Companheiro de Jornada
A Pequena Sereia
Os Novos Trajes do Imperador
As Galochas da Fortuna
A Margaridinha
O Soldadinho de Chumbo
Os Cisnes Selvagens
O Jardim do Paraíso
As Cegonhas
Ole Lukoeje
O Guardador de Porcos
O Anjo
O Rouxinol
Os Namorados
O Patinho Feio
O Pinheirinho
A Rainha da Neve
Mamãe Sabugueiro
A Agulha de Cerzir
O Sino
A Colina dos Elfos
Os Sapatos Vermelhos
Os Saltadores
A Pastora e o Limpador de Chaminés
Holger Danske
A Menina dos Fósforos
A Sombra
A Casa Velha
Uma Família Feliz
História da Mãe
O Colarinho
Uma História
Só a Pura Verdade
Mágoas do Coração
Cada Coisa em Seu Lugar
Dentro de Milênios
Cinco Grãos de Uma Só Vagem
Ela Não Valia Nada
João-Pato
Histórias Que o Vento Contou
O Que o Velho Fizer, Está Bem Feito
O Boneco de Neve



Os Novos Trajes do Imperador
Mindinha
Os Sapatos Vermelhos
O Isqueiro Mágico
O Patinho Feio
A Pequena Sereia
Os Cisnes Selvagens
O Soldadinho de Chumbo

4 de abr. de 2013

Posted by Aline Guevara On 16:24 0 comentários

Era uma vez: Garota Exemplar


No que você está pensando? Como está se sentindo? Quem é você? O que fizemos um ao outro? O que iremos fazer?
[p. 11]


Essas são perguntas frequentes que permeiam a mente de Nick em relação a Amy, mesmo após cinco anos de casamento. Cinco anos, bodas de madeira, como a esposa não o deixaria esquecer. Afinal, a tradicional caça ao tesouro de Amy (para o horror de Nick) não poderia faltar em mais um aniversário da união dos dois. Mas neste 5º ano a "brincadeira" será deixada de lado, pois ao que tudo indica a moça foi violentamente tirada de sua casa e está desaparecida.

Garota Exemplar (Editora Intríseca, 448 páginas), terceiro romance da jornalista norte-americana Gyllian Flynn, está dando o que falar. O livro foi a primeira publicação a tirar Cinquenta Tons de Cinza do topo da lista dos mais vendidos do New York Times. O grande escritor de suspense Stephen King já se declarou fã da colega escritora. O sucesso foi tanto que os direitos de adaptação para o cinema do romance já estão vendidos.

Ainda não dá para ter certeza se o suspense repetirá o mesmo sucesso por aqui, mas com apenas 4 semanas de seu lançamento no Brasil, o livro já figura na 6ª posição na lista dos mais vendidos segundo a revista Veja.


Amy Elliot Dunne é literalmente a "Garota Exemplar". Linda, espiritusosa e muito inteligente, sua vida serviu de inspiração para os seus pais criarem a série de livros juvenis Amy Exemplar, sobre uma garota perfeita seguindo caminhos perfeitamente traçados, que influenciou toda uma geração de leitores. E qual não é o choque desse público quando os jornais noticiam o desaparecimento daquela que inspirou a heroína de sua infância. Pior, as evidências indicam que Amy pode ter sido assassinada. Como se não bastasse, o marido Nick se comporta de forma muito estranha ao crime, incrivelmente calmo e controlado. Isso até começarem a surgir diversos indícios de que ele pode ter sido o responsável pelo destino da esposa.

O livro é narrado intercalando capítulos de Nick, contados em primeira pessoa a partir do dia do sumiço da esposa, com outros de Amy, trechos de seu diário a partir de seu primeiro encontro com Nick há sete anos. Enquanto a garota fala sobre o seu relacionamento dos sonhos nos primeiros relatos, ele se amargura de como o casamento se tornou insuportável nos últimos anos. Conforme a  leitura avança, percebemos que ao invés das duas narrativas chegarem a uma concordância, elas se distanciam. Uma coisa é certa, a verdade por trás deste casal é bem sombria. 

Na primeira parte do livro, que tem três divisões claras, você realmente não sabe em quem acreditar. As insinuações dúbias ao longo das narrativas, especialmente de Nick, nos fazem desconfiar dos personagens (Obs: Mas em uma narrativa em primeira pessoa, SEMPRE devemos desconfiar do narrador! Lição aprendida com Machado de Assis e Agatha Christie.). Em determinado momento já percebemos que as histórias de Amy e Nick conflitam demais. Alguém está mentindo. Mas mais do que descobrir quem está certo e quem está errado, o livro se envereda nos porquês dessa discrepante história do casal.

Gillian Flynn é uma ótima escritora, sabe usar as palavras não só para dar suporte a construção de seus problemáticos e complexos protagonistas, mas também brinca com elas para relacionar os capítulos de Amy aos de Nick. Além disso, permite que a partir de situações sutis façamos nossa  própria interpretação dos personagens.

Com uma narrativa divertida, inteligente, envolvente, repleta de reviravoltas interessantes e com um final corajoso e criativo, Garota Exemplar merece o seu lugar entre os livros mais vendidos, fornecendo um alívio para quem está cansado de ver tons de qualquer coisa e seus variáveis figurando nestas listas. E com o seu primeiro best-seller chegando às lojas brasileiras, fica aqui a torcida para que as outras duas publicações de Gillian, Dark Places e Sharp Objects, também venham logo para o Brasil.


28 de mar. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 22:44 0 comentários

Era uma vez: Fortaleza Digital

Antes de Código da Vinci e Anjos e Demônios, Dan Brown resolveu escrever Fortaleza Digital (1998), seu primeiro e fraquíssimo livro. Seguindo a fórmula que tanto gosta, Brown coloca personagens lindos e inteligentes resolvendo enigmas bestas com sociedades secretas tentando matar protagonistas e tomar conta do mundo ou causar um dano muito grande. Ou seja, um enredo de um desenho ou filme ruim.

A trama segue Susan Fletcher, que além de ter um QI tão alto quanto de Einstein, é praticamente uma deusa na Terra de tão bela. Ela é a melhor criptógrafa da NSA, Agência de Segurança Nacional e noiva de David Becker, um professor universitário e que conhece várias línguas estrangeiras. 

O supercomputador da NSA, invencível em decodificar códigos atrás de terroristas, se depara com um novo código inquebrável, nos dizeres de seu criador, e irá expor todos os dados depois de um tempo em forma de vingança contra os Estados Unidos. Não há tentativas e erros: a não ser que a senha correta seja colocada, o programa começa sozinho.

Recheada de clichês e coincidências angustiantes, Fortaleza Digital expõe a inexperiência de Brown, que só aperfeiçoou -muito pouco- a forma de mostrar tais obviedades, mas sem nunca deixar de lado sua fórmula.

Afinal, é muito arbritário Becker ser enviado para outro país para ir em uma missão secreta só porque conhece outras línguas e sem apoio de quem o enviou. É pior ainda ele conseguir pistas por conveniência da história, como os punks no ônibus e a cena do aeroporto. O pior mesmo é que a senha final é tão pateticamente óbvia que o leitor passa a se sentir um gênio, afinal, os personagens de Brown são sempre brilhantes, o que faz parecer que o autor não quer se aprofundar muito em personalidades ou criar personagens tridimensionais, focando sempre na ação e suspense.

Pelo menos nisso reside a qualidade de Brown: o estilo narrativo que corta ações em seu ápice, lembrando o estilo cinematográfico prende o leitor até o fim (mesmo com tantos defeitos, que depois vão fazer o leitor pensar "por que eu fui perder meu tempo com isso?"), não entregando resultados diferentes do imaginado. Não, para falar a verdade, eu não esperava um pouco de dramalhão mexicano no fim do livro. Não que isso seja bom.

14 de mar. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 22:05 0 comentários

Era uma vez: A Cor que Caiu do Céu

H.P. Lovecraft não é um dos grandes nomes da literatura à toa. O escritor criou um dos maiores símbolos do horror, Cthulhu, e muitos outros ótimos contos de horror gótico. O livro A Cor que Caiu do Céu reúne nove desses contos.

As histórias de Lovecraft eram baseadas nos constantes pesadelos do autor, assim como na influência de Edgar Allan Poe. No livro estão: O Alquimista, A Fera na Caverna, A Cor que Caiu do Céu, Ele, O Ministro Maligno, O Rato nas Paredes, A Rua, O Horror de Dunwich e A Sombra Fora do Tempo.

São histórias com seres fantásticos, raças extra-planetárias nem um pouco amigáveis dos planetas mais remotos. Resta aos pobres protagonistas dois caminhos certos: a loucura ou a morte. Ninguém mandou descobrir segredos que não deveriam.

O conto que mais se destaca é o que dá nome ao livro: A Cor que Caiu do Céu. Ambientado na zona rural, conta exatamente o que se passa quando um enorme meteorito cai em uma fazenda. Após atrair muita atenção e turistas, descobre-se que o núcleo do objeto alienígena é uma cor como nenhuma outra da Terra, e que possui um certo cintilar.

Com o passar do tempo, nota-se algo de errado com o local: insetos proliferam, alguns enormes e albinos, frutos da fazenda começam a ficar acinzentados e com um odor repugnante, a vegetação à noite possui um brilho parecido com o da cor...

O protagonista é o próprio dono da fazenda. O horror se faz presente principalmente ao notar-se que pouco a pouco, tudo vai ficando cinza, menos aquela cor. E como parar uma cor? E se ela infectar um humano?
 
O conto, narrado em primeira pessoa, como todos os de Lovecraft, possui extensa descrição, beirando a claustrofobia e impotência diante de seres tão mais poderosos, levando a finais raramente equilibrados ou esperados.

A Cor que Caiu do Céu é um livro que rende o leitor, que fica fascinado pelo pavor que encontra, levando-se a questionar se os sonhos do autor não eram uma porta para dimensões mais profundas.

7 de mar. de 2013

Posted by Aline Guevara On 17:02 0 comentários

Era uma vez: O Incêndio de Tróia

Que a escritora Marion Zimmer Bradley gosta de recontar histórias clássicas a partir do ponto de vista feminino, nós já sabíamos graças a sua famosa série As Brumas de Avalon. Mas o que muita gente não sabe é que além das histórias envolvendo Morgana, Arthur e seus cavaleiros, Marion também se aventurou por narrativas mais antigas e recriando os eventos da longa batalha entre gregos e troianos ela escreveu O Incêndio de Troia

Assim como acompanhamos Morgana como protagonista em As Brumas de Avalon, acompanhamos Kassandra, a bela e atormentada princesa de Troia, nesta obra. Atormentada porque desde a infância a garota é tomada por visões do futuro, sendo a mais recorrente e poderosa delas aquela em que vê sua amada cidade ardendo em chamas. 

No livro, Kassandra é irmã gêmea de Páris, que graças a uma profecia de que gêmeos trariam má sorte, é enviado pelo rei Príamo para ser criado por um casal de pastores. Mas quando chega a idade adulta ele retorna ao lar original, retomando o seu lugar por direito como Príncipe. E é quando a profecia de Kassandra se torna mais clara: será o irmão o responsável pela queda de Troia.

A princesa de Troia também é sacerdotisa de Apolo e se prepara para dedicar a vida ao sacerdócio, mas ao mesmo tempo encara dúvidas, pois ela foi criada para seguir os costumes dessa sociedade patriarcal no qual os líderes são do sexo masculino, mas também foi ensinada pelas guerreiras amazonas, que cultuam os antigos costumes de uma sociedade matriarcal e nos quais a mulher é o símbolo de poder.

Marion não busca ser fiel à Ilíada de Homero, como não havia sido em Brumas que recontou a história do rei Arthur, portanto os fãs do texto original podem se incomodar com as mudanças, que podem soar como erros da escritora. Mas não se engane, O Incêndio de Troia é uma versão livre da história, mas nem por isso menos sensível, dramática ou até divertida do que o épico de Homero.

Mais uma vez a escritora discute o papel da mulher na sociedade machista em que se passa a história e, como sempre, cria personagens femininas fortes e complexas. Kassandra é a força que rege o livro, portanto a mais bem explorada. Seu poder parece estar mais próximo de uma maldição do que de um dom, mas a princesa carrega o peso de sua sina com coragem e sem nunca abaixar a cabeça, herança de seu aprendizado ao lado das amazonas e da religião da Mãe Terra. Mas as outras personagens também representam outras facetas do poder feminino: Helena é descrita como uma mulher afetuosa, preocupada com o amado, Páris, e seus filhos; Hécuba, mãe de Kassandra, é o retrato de mãe e governante forte, que teve que abdicar das próprias crenças para assumir o seu lugar como rainha; e Pentesileia, a rainha das amazonas, traz em si o espírito idealista de uma guerreira que nunca deixa de lutar pelo que e por quem acredita.

Mais uma vez Marion Zimmer Bradley consegue contar uma história envolvente e criar personagens apaixonantes, portanto O Incêndio de Troia não deveria passar batido pelos amantes do gênero de fantasia.

28 de fev. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 22:56 0 comentários

Era Uma Vez: Eu Sou Deus

Uma detetive, um padre, um fotógrafo playboy alcoólatra e um psicopata que acha que é Deus. Adicione uma pitada de Guerra do Vietnã e o resultado é Eu Sou Deus, segundo livro de Giorgio Faletti, também autor do excelente livro Eu Mato (e com uma queda por nomes fortes. O outro livro dele é Memórias de um Vendedor de Mulheres).

A trama segue Vivien Light, uma jovem detetive que precisa investigar explosões de prédios em Nova York. E não quaisquer explosões ou terroristas: um lunático explode um prédio de vinte e dois andares acreditando ser Deus simplesmente por saber quando pessoas vão morrer (por que ele vai matar, mas não assume autoria). Na investigação ela descobre uma carta que afirma que vários prédios foram construídos com explosivos nas bases. Mas não sabe quais, nem quantos. Mas o psicopata sabe.

Mantendo o ritmo do primeiro livro, Eu sou Deus tem uma boa trama, mas peca muito na execução. Apesar de tentar, não é surpreendente e tem relacionamentos extremamente forçados, no pior estilo Dan Brown de ser. Afinal, se alguém deixou o chuveiro na temperatura ideal pra você também, ela deve ser sua alma gêmea. Totalmente compreensível.

Já o psicopata faz menos sentido ainda. Ok, ele tem alguns problemas mentais sérios, mas uma carta não justifica bem começar uma matança aleatória pela cidade. Outros temas são simplesmente jogados no livro e não utilizados depois. 
  
A conveniência é provavelmente a principal personagem do livro, com os personagens se encontrando na hora certa ou tendo já uma convivência que "por um acaso" são importantes no fim. Infelizmente, Eu sou Deus não manteve o thriller do primeiro livro de Faletti, fazendo muitos, inclusive eu, não querer acompanhar seus outros livros por um tempo.

21 de fev. de 2013

Posted by Aline Guevara On 23:20 0 comentários

Era uma vez: Anjos e Demônios

O fabricante de best-sellers Dan Brown ficou mundialmente conhecido pela sua obra mais polêmica: O Código da Vinci. A trama de conspiração religiosa com bastante ação e muitas reviravoltas caiu nas graças do público, mas este não é o primeiro (nem o melhor e nem mesmo o mais divertido) livro do escritor. Antes do personagem Robert Langdon se aventurar pelos segredos do Santo Graal, ele já estava salvando o Vaticano em Anjos e Demônios.

A fórmula usada por Brown em seus livros é tão repetitiva que dá vergonha. Sempre acompanhamos o protagonista, especialista em algo, sair correndo contra o tempo para impedir algo de acontecer; ele/ela sempre está acompanhado de um pretendente a caso romântico; o vilão que os persegue sempre é uma pessoa exótica; existe outra pessoa por trás do vilão, o cérebro da operação que será revelado de forma surpreendente; existe sempre um grande segredo por trás da história e geralmente envolve uma conspiração; a trama é marcada por muita ação e perseguições. E você se pergunta se ainda assim, com tantas situações clichês, os livros do cara conseguem lhe prender na leitura? A resposta é sim. Incrivelmente, depois de tudo isso, os livros do norte-americano continuam sendo puro entretenimento.

Anjos e Demônios não é diferente em nenhum dos aspectos. Ele é bem superior a O Código da Vinci, com menos furos na história, mas é igualmente divertido e eletrizante, além de contar com personagens mais carismáticos. 

Robert Langdon, o simbologista da Universidade de Harvard, é chamado em um grande centro de pesquisas na Suíça para tentar esclarecer o significado de um símbolo gravado no peito de um físico assassinado. Ao descobrir a marca dos Illuminati, poderosa fraternidade de intelectuais que discordavam da igreja católica, Langdon voa até Roma ao lado da bela cientista Vittoria Vetra para impedir que o grupo cumpra a sua ameaça: destruir o Vaticano.

Com a morte do atual Papa, os cardeais estão se reunindo em um conclave para decidir quem é o próximo líder religioso, mas os quatro sacerdotes mais cotados para o cargo são sequestrados em nome dos Illuminati, que ameaçam matá-los. Langdon então precisa correr por Roma e pelo Vaticano em uma caçada frenética desvendando enigmas para tentar descobrir o covil dos Illuminati e impedir a tragédia, que, como o próprio simbologista alerta, mais do que abalar uma das maiores religiões do mundo, ela destruiria um dos maiores acervos artísticos e históricos do planeta, repleto de documentos únicos e obras de arte de valor incalculável. 

Uma das características mais interessantes da literatura de Dan Brown é a descrição do cenário. O Código da Vinci tem como locação Paris, Londres e o interior da Inglaterra, que por si só já gerariam passagens fabulosas. Anjos e Demônios não deixa por menos e explora de forma mais profunda que o outro livro uma única cidade, rica o suficiente para nos deixar atordoados com as incríveis descrições.

Não é um livro que vai mudar o mundo ou mesmo que vai figurar entre os grandes nomes da literatura, mas não é isso que Dan Brown busca com seus livros. O que ele busca é entretenimento e isso Anjos e Demônios tem de sobra.


14 de fev. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 23:00 0 comentários

Era uma vez: Os cinco porquinhos

Um porquinho é culpado de um assassinato. Não literalmente, claro.

Um pintor, chamado Amyas Crale, foi assassinado há 16 anos. Todas as provas pareciam apontar para a esposa, que confessa o crime. Porém, ela morre na prisão, deixando uma carta para que a filha lesse quando completasse 21 anos (sendo que tinha 5 na época do crime). Na carta, a mãe afirma que é inocente. Mas dezesseis anos se passaram e nenhuma prova existe para determinar o contrário. Mas Carla, a garota, encontra alguém que pode ajudá-la: o detetive Hercule Poirot.

Os cinco porquinhos, livro de Agatha Christie publicado em 1942, tem uma história fascinante. Como já é de praxe do detetive Hercule Poirot, os casos são desenvolvidos psicologicamente. Ele reúne as cinco pessoas presentes na casa do pintor na época do assassinato e pede que cada uma reconstitua os dias anteriores ao crime, de acordo com o que sabem. Partindo de uma cantiga de ninar inglesa, ele nomeia os presentes de Os Cinco Porquinhos.

Os personagens de Agatha são poucos e justamente por isso, críveis e bem elaborados, principalmente o psicológico, já que a trama se baseia muito nisso. São também pessoas que poderíamos encontrar no dia a dia, e todos têm motivos para serem - ou não - inocentes.

Os motivos para a morte do pintor podem ser vários: seria amor, ódio, ciúme ou acidente? Afinal,tratava-se de um artista, e todas as emoções eram exacerbadas. Até mesmo Carla, com cinco anos, é suspeita do crime. O assassino só é descoberto no final, surpreendente e bem elaborado.

Os cinco porquinhos é uma leitura leve, coerente e criativa, um ótimo livro de romance policial.


7 de fev. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 23:11 5 comentários

Era uma vez: O enigma da casa de vidro

O Enigma da Casa de Vidro conta uma cativante história de um assassinato. Na trama, acompanhamos Vando, um jovem do interior paulista que sente-se atraído pela mansão que o pai, corretor de imóveis, vai vender, onde aparentemente ocorreu o crime. E o filho da dona da casa, Miguel, foi a vítima.

Vando sente um aroma de rosas em alguns lugares da casa, como se algo lá falasse com ele, e encontra um detalhado diário em um dos cômodos que podem solucionar o mistério. Ou torná-lo mais confuso.

A tal casa de vidro era assim chamada porque toda a parte da frente era circundada de vidro, e funcionava como uma pensão, com onze hóspedes mais os donos: Miguel e a esposa, Cacilda (os nomes não são o forte desse livro). Miguel sofreu um acidente e ficou paralítico enquanto a mulher dirigia, e a culpava - e quase chegou a matá-la por isso.

Cacilda é uma mulher ruiva de olhos verdes, descrita como bela e com algo especial, além de exalar um perfume de rosas. Sim, o mesmo que Vando sente na casa. Miguel havia morrido por ter caído de uma escada (afinal, era paralítico) e a culpa recai sobre Cacilda, que enlouquece enquanto os outros hóspedes deixam a casa, gritando todas as noites por sua inocência.

O diário que Vando acha aparentemente é tão detalhado que ele consegue se imaginar no local. O perfume que permeia a casa é quase sempre sinal de que ele reverá alguma cena, como uma alucinação - e talvez seja mesmo. De todos os hóspedes da casa, Ganymédes José Santos de Oliveira, influente autor brasileiro dos anos 70 e 80, sempre deixa de citar um ou dois, deixando espaço para se perguntar: as alucinações de Vando não são reais demais?

31 de jan. de 2013

Posted by Aline Guevara On 23:30 0 comentários

Era uma vez: Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas

Quando pensamos em literatura fantástica, imediatamente nos voltamos para nomes estrangeiros e séries que despontam nas listas do mais vendidos. Mas graças a internet e redes sociais estão ficando cada vez mais populares entre os leitores autores brasileiros que bebem da mesma fonte que caras como George R. R. Martin, Stephen King e Neil Gaiman. Um desses nomes é o de Raphael Draccon, um simpático carioca que descobriu que tem um imenso talento para contar histórias e começou no mercado literário com o excelente Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas.

Dragões de Éter nos apresenta a João e Maria, dois irmãos que escaparam das garras e do forno de uma bruxa odiosa, Ariane, uma menina que recebeu a alcunha de Chapeuzinho Vermelho após ver a avó ser devorada por um lobo, e Axel, o príncipe pugilista amado pelo povo. Reconhece alguns deles? Draccon reinventa os contos de fadas e os insere no reino de Nova Éter, mundo protegido por avatares do Criador que tomam forma de fadas. Uma delas é a rainha de Nova Éter, casada com o grande Rei Primo Branford. Este é considerado o maior de todos os monarcas por ter liderado a grande caçada das bruxas, que as eliminou completamente. Ou era isso o que pensavam, mas coisas estranhas começam a ocorrer e pôr dúvidas na cabeça dos moradores sobre a segurança do reino.

Ao longo do livro aparecem diversas referências a outros contos de fadas, que não vou dizer aqui para não estragar a surpresa, mas fazem você abrir um sorriso pela forma inventiva como eles vão sendo relacionados à história. Mas neste livro, os astros mesmo são a espirituosa Ariane, o inteligente João, a doce Maria e o corajoso Axel, apesar de ter espaço também para a interessante trama dos gatunos Snail e Liriel. A partir desses personagens e de suas histórias entrelaçadas que acompanhamos os rumos sombrios que assolarão o reino de Nova Éter.

O narrador do livro é um show a parte. Narrado em terceira pessoa, a trama de Dragões de Éter é desenvolvida a partir de um exímio contador de histórias, que conversa com o leitor, faz constatações, confidências, nos apresenta seu espírito crítico e até faz piadas. E não dá para subestimar a presença de um bom narrador - ele pode ser a diferença entre uma história medíocre e uma história fantástica.

De qualquer forma, Draccon é extremamente criativo e cria um mundo e personagens muito cativantes. Em pouco tempo já estamos nos preocupando com eles e curiosos para saber onde vão parar. Claro e dinâmico, o texto flui de forma agradável e ele chega ao fim muito antes do que você imagina.

No momento, a série Dragões de Éter é uma trilogia, com Dragões de Éter - Corações de Neve e Dragões de Éter - Círculos de Chuva completando o conjunto. Mas para a alegria de muitos fãs, o autor já anunciou que vem mais um livro da série por aí. Fora isso, Draccon tem outros dois livros publicado, Fios de Prata - Reconstruindo Sandman e Espíritos de Gelo. É por causa de pessoas como o escritor que vale a pena conferir o que esse gênero da literatura nacional pode nos oferecer.

24 de jan. de 2013

Posted by Aline Guevara On 19:01 0 comentários

Era uma vez: Coisas Frágeis


"(...) me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes. (...) Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, não falhando quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar. Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis (...). Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres e de monstros, perduram mais do que as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas."

É com uma introdução particularmente deliciosa de ler que Neil Gaiman nos apresenta o conjunto de contos que reuniu para criar o livro Coisas Frágeis. A maior parte das histórias do título já foram publicadas em outras ocasiões (algumas já premiadas), mas o escritor decidiu uni-las.

Gaiman é muito conhecido por seu trabalho com quadrinhos, especialmente por Sandman, mas o escritor não deve em nada com o seu trabalho na literatura, como prova mais uma vez com este livro.

O conto que abre Coisas Frágeis se chama Um Estudo em Esmeralda. Se o título parece vagamente familiar é porque ele faz analogia com o livro do conterrâneo inglês de Gaiman, Sir Arthur Conan Doyle, Um Estudo em Vermelho - primeiro livro de Sherlock Holmes. O autor  o escreveu a pedido de um amigo, que queria uma história que juntasse Sherlock Holmes com o mundo de H. P. Lovecraft. Como ele mesmo explica na introdução, a tarefa era árdua. Afinal, o mundo do detetive inglês é estritamente racional, enquanto que a imaginação de Lovecraft permeava o obscuro universo sobrenatural. Mas para a nossa surpresa, Gaiman faz um trabalho brilhante. A forma como ele desenvolve a trama, nos deixando dicas ao longo da história sobre sua resolução é incrível. Ao final do conto, quando efetivamente nos damos conta do que lemos, é impossível negar a genialidade do escritor. 

(OBS: Como fã ardorosa das histórias de Sherlock Holmes, a conclusão me pareceu óbvia, mas talvez para quem não conheça bem seus livros, a conclusão pode parecer confusa)

Coisas Frágeis ainda traz o doce e melancólico A Vez de Outubro, a história de um menino infeliz que depara com um espírito (e que serviu de prévia para o romance O Livro do Cemitério); Lembranças e Tesouros, narrativa que nos apresenta aos terríveis e desagradáveis Sr. Smith e Sr. Alice; O Problema de Susan, a solução um tanto quanto "problemática e irritante" que Gaiman encontrou para dar uma continuação à história da garota Susan, de As Crônicas de Nárnia; O Pássaro-do-Sol, um conto meio bizarro e divertido escrito para a filha; e O Monarca do Vale, história que se passa na Escócia, com tudo que as paisagens e lendas escocesas podem oferecer e trazendo como protagonista Shadow, personagem já conhecido de outro romance de Gaiman, Deuses Americanos

Imperdível para quem é fã de Neil Gaiman e quem gosta de boa literatura de fantasia.

17 de jan. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 09:44 0 comentários

Era uma vez: Um Trabalho Sujo

Parabéns, você foi escolhido para agir em nome da Morte. É um trabalho sujo, mas precisa ser feito.

Não é assim que começa Um Trabalho Sujo, e se fosse, pouparia muito trabalho ao pobre protagonista, o Macho Beta chamado Charlie Asher. Tudo começa no dia do nascimento da filha de Asher, Sophie. Ele se preocupa com as coisas mais sem noção, como a garota ter um dedo a mais ou um rabo, sem nenhum motivo, fora a paranoia inata. 

No quarto da esposa, ele vê um homem alto vestido só de verde e que ninguém mais enxerga. Pouco tempo depois, coisas bizarras começam a acontecer com Asher, como pessoas morrendo e objetos brilhando em vermelho. Agora ele é a morte e precisa lidar com isso.

Para coroar tudo, coisas estranhas começam a acontecer. Vozes são ouvidas no bueiro, corvos e sombras aparecem e uma ameça está no ar. Asher percebe que o trabalho vai muito além de coletar almas, mas também garantir um equilíbrio que está prestes a ser quebrado.

- Imagine o resto da humanidade, completamente triste com o fim do mundo e se sentindo mal.
- Não é o fim do mundo. São apenas as trevas tomando conta de tudo.

Mas o que é um macho beta? É um termo usado pelo escritor, Christopher Moore, que designa aqueles homens que não tem coragem para falar com mulheres, que têm muita imaginação, não querem saber de esportes e que ficam com as garotas que levaram muitos pés na bunda dos machos alfa, e que agora não se importam mais com uma conta bancária polpuda e abdômen tanquinho. Tem até um teste muito divertido no fim do livro, com as possibilidades de ser um macho alfa, beta ou ômega.

Voltando ao livro. Não sei por que tem pantufas de coelhinhos fofos na capa, mas isso não importa, só a torna mais adorável e é muito bem trabalhada, com relevo e dando o tom levemente mórbido que tem o livro. A morte é abordada com leveza, mesmo em todos seus aspectos, desde os últimos dias de vida de um ser humano e como se comportam os parentes, até o destino de suas almas, sem forçar nenhuma religião para o leitor.

Que diferença fazia ser o Senhor do Submundo se havia sujeira na sua torrada malpassada.

Claro que essas poucas partes são pontuadas por muita bizarrice. Quando eu achava que não poderia ler algo mais non sense que o Guia do Mochileiro das Galáxias, me deparo com Um Trabalho Sujo. Para começar tem o protagonista que fala fluentemente sarcasmo, como praticamente todos do livro. Depois aparecem uns hellhounds do tamanho de cavalos e que comem até extintores e resolvem morar com ele, sem chance de recusa. Para coroar tudo tem bichinhos do tamanho de esquilos vestidos com botas de prostitutas ou tutu de balé usando alfinetes como espadas. O mais incrível é tudo isso ter explicação. 

Como é citado no livro por uma personagem, todos queriam tanto que algo incrível acontecesse que, quando acontece, é recebido como algo normal. Não é assim no começo, claro, mas depois de aceitar ser a morte Asher começa a se deparar com situações que ele nem mais duvida, só tira sarro e tenta desviar.

A trama é muito divertida e envolvente, ficando mais esquisita a medida que o livro avança e que dá pérolas para os leitores, tais como:

- Sr. Asher, por favor, vai embora.
- Não, minha senhora, devo insistir para que a senhora faleça nesse exato momento. A senhora está atrasada!

O final não chega a ser surpreendente nem inesperado, mas como a vida, o que importa mais é a viagem, e não como ela acaba.
* Apesar dos coelhinhos da capa e dos esquilos, não é um livro para crianças. Tem linguagem forte, descrições de cabeças decepadas e tripas em formas aleatórias e muitas referências sexuais.

10 de jan. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 17:11 0 comentários

Era uma vez: O Mundo de Sofia

"Quem é você?"
"De onde vem o mundo?"
"Por que o Lego é o brinquedo mais inteligente do mundo?" 


Para sanar tais dúvidas essenciais, o escritor norueguês Jostein Gaarder criou e publicou o clássico livro O Mundo de Sofia, em 1991. O romance é um exemplo da metaficção e um livro dois em um: além da história da protagonista Sofia, também temos a história romanceada da filosofia.


Sofia Amundsen, uma garota comum prestes a completar quinze anos, começa a receber e bilhetes estranhos com perguntas que a perturbam: "Quem é você?", "de onde vem o mundo?". Os bilhetes são anônimos, foram mandados do Líbano por um major desconhecido para alguém chamada Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece. Sofia, ao tentar formular respostas para tais questões, embarca na história da filosofia e vê sua percepção das coisas se transformar completamente. Para isso, ela tem a ajuda do filósofo Alberto Knox, tornando-se sua aluna.

Poderia ser uma história chata e pesada, mas não é. Apesar de cada capítulo praticamente contar um pedaço da história e evolução da filosofia ocidental, a mistura com a realidade de Sofia e os exemplos que ela chega a pensar dentro dessa realidade fazem sentido com o livro e também fora dele, sem chegar a usar um tom pedagógico.

O Mundo de Sofia já está na 70ª reimpressão (agora com nova capa) porque não encanta à toa. É um livro que diverte, ensina de forma prazerosa e tem uma boa história. Além, claro, de fazer o leitor se achar um mestre em filosofia e questionar tudo. E mais para o fim coisas bizarras começam a acontecer (como a imagem refletida do espelho piscar os dois olhos ao mesmo tempo), mas tudo tem uma explicação!

O Skoob está sorteando o livro com a nova capa. Ainda tem quatro dias pra participar!



3 de jan. de 2013

Posted by Thaís Colacino On 14:29 0 comentários

Era uma vez: Cai o Pano

Muitos autores de romances policiais criam personagens memoráveis, detetives que entram em diversos casos e conquistam os leitores pelo seu raciocínio e até por sua esquisitice. E são poucos os autores que conseguem se desfazer do laço e dar um final às longas tramas de seus detetives - um final verdadeiro. 

Poirot em uma das adaptações para as telas
O mais famoso é sem sombra de dúvidas Sherlock Holmes, mas a Rainha do Crime, Agatha Christie, criou um personagem tão inteligente quanto excêntrico, que faria uma boa parceria com o sr. Holmes: Hercule Poirot.

Poirot é descrito como um homem belga de um metro e sessenta, com cabeça em formato de ovo, olhos verdes brilhantes e dono de um bigode distinto e espesso. É extravagante e, pode-se dizer, muito arrogante, sempre se gabando de como utiliza seu cerébro e de que pode resolver qualquer crime "apenas sentado na sua poltrona", enquanto os detetives da Scotland Yard são, para ele "cães de caça humanos".

Extremamente metódico e ordenado, considera a maioria dos crimes extremamente enfadonha, dizendo que estes não tem nenhuma originalidade, já que o método psicológico de um criminoso é sempre o mesmo. Diferente de outros detetives, Poirot prefere usar a psicologia e interrogar todos os envolvidos no caso, usando a dedução, sem procurar de fato por provas (a não ser quando requisitado por seu amigo Hastings).


Eis que chegamos então ao livro Cai o Pano, última aventura de Poirot. Escrito nos anos 40, foi somente publicado em 1975, quando Agatha percebeu que não conseguiria mais escrever. Ela faleceu no ano seguinte.

Na trama Poirot está velho e doente, precisando de cosntantes remédios e de uma cadeira de rodas. O detetive volta para o local de seu primeiro caso (O Misterioso Caso de Styles), procurando um assassino que ele acredita estar hospedado na mansão Styles. Arthur Hastings ajuda Poirot, fascinado com os cinco casos que o detetive apresenta, os cinco com assassinos confessos e não conectados, mas que Poirot afirma que, sem sombra de dúvida, eles têm o mesmo assassino. O final surpreende até mesmo quem já esperava por algo do tipo, fechando brilhantemente a carreira do detetive, protagonista de mais de 40 histórias de Agatha, assim como termina bem a carreira da autora.

27 de dez. de 2012

Posted by Thaís Colacino On 23:29 0 comentários

Era uma vez: O Guia do Mochileiro das Galáxias

"No início, o Universo foi criado. Isso irritou profundamente muitas pessoas e, no geral, foi encarado como uma péssima ideia."

O Guia do Mochileiro das Galáxias tem escrito em letras garrafais, na parte de trás, a frase "NÃO ENTRE EM PÂNICO"! Afinal, tudo o que você precisará quando o universo acabar é de uma toalha. E saber que a resposta à grande questão sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais é 42.

Não entendeu nada? Eu temo pela sua alma. É hora de conhecer a ficção científica cômica intergalática mais famosa e influente que existe, a famosa "trilogia de cinco livros" (que agora são seis) de Douglas Adams.


Na trama do livro conhecemos Arthur Dent, um inglês azarado cuja casa iria ser demolida para a construção de uma rodovia. "Coincidentemente", alienígenas vão destruir a Terra no mesmo momento, também para a construção de uma rodovia na galáxia. Arthur consegue escapar graças à seu amigo, Ford Prefect, na verdade um alienígena que escreve para o famoso Guia, pegando carona em uma das naves.

A partir de então ele conhece Vogons, que fazem poesias horríveis, e encontra o andróide paranóide Marvin, um robô com personalidade depressiva (e melhor personagem de todos); o Presidente Galáctico (e agora fugitivo) Zaphod Beeblebrox, semi-primo de Ford; e Trillian, uma humana que Arthur conhecera em uma festa.

O Guia do Mochileiro das Galáxias é um clássico que explica todos as utilidades de uma toalha (que acabou por criar o Dia da Toalha, comemorado em 25 de Maio), tira sarro da vida cotidiana com exemplos completamente sem noção (como a burocracia dos Vogons), nos apresenta coisas e seres mais malucos ainda (Gerador de Improbabilidade Infinita e Marvin, obviamente), além de deixar uma dúvida no ar, respondida em outro livro da série: por que o vaso de plantas disse "de novo não"?

Então, meus caros, se os golfinhos desaparecerem da Terra, levante seu dedão e procure uma carona, com seu guia e sua toalha em mãos e com o conhecimento do livro sobreviva ao fim do mundo! E agora repitam: "Até mais e Obrigado pelos Peixes!"