17 de jan. de 2013

Era uma vez: Um Trabalho Sujo

Posted by Thaís Colacino On 09:44 0 comentários

Parabéns, você foi escolhido para agir em nome da Morte. É um trabalho sujo, mas precisa ser feito.

Não é assim que começa Um Trabalho Sujo, e se fosse, pouparia muito trabalho ao pobre protagonista, o Macho Beta chamado Charlie Asher. Tudo começa no dia do nascimento da filha de Asher, Sophie. Ele se preocupa com as coisas mais sem noção, como a garota ter um dedo a mais ou um rabo, sem nenhum motivo, fora a paranoia inata. 

No quarto da esposa, ele vê um homem alto vestido só de verde e que ninguém mais enxerga. Pouco tempo depois, coisas bizarras começam a acontecer com Asher, como pessoas morrendo e objetos brilhando em vermelho. Agora ele é a morte e precisa lidar com isso.

Para coroar tudo, coisas estranhas começam a acontecer. Vozes são ouvidas no bueiro, corvos e sombras aparecem e uma ameça está no ar. Asher percebe que o trabalho vai muito além de coletar almas, mas também garantir um equilíbrio que está prestes a ser quebrado.

- Imagine o resto da humanidade, completamente triste com o fim do mundo e se sentindo mal.
- Não é o fim do mundo. São apenas as trevas tomando conta de tudo.

Mas o que é um macho beta? É um termo usado pelo escritor, Christopher Moore, que designa aqueles homens que não tem coragem para falar com mulheres, que têm muita imaginação, não querem saber de esportes e que ficam com as garotas que levaram muitos pés na bunda dos machos alfa, e que agora não se importam mais com uma conta bancária polpuda e abdômen tanquinho. Tem até um teste muito divertido no fim do livro, com as possibilidades de ser um macho alfa, beta ou ômega.

Voltando ao livro. Não sei por que tem pantufas de coelhinhos fofos na capa, mas isso não importa, só a torna mais adorável e é muito bem trabalhada, com relevo e dando o tom levemente mórbido que tem o livro. A morte é abordada com leveza, mesmo em todos seus aspectos, desde os últimos dias de vida de um ser humano e como se comportam os parentes, até o destino de suas almas, sem forçar nenhuma religião para o leitor.

Que diferença fazia ser o Senhor do Submundo se havia sujeira na sua torrada malpassada.

Claro que essas poucas partes são pontuadas por muita bizarrice. Quando eu achava que não poderia ler algo mais non sense que o Guia do Mochileiro das Galáxias, me deparo com Um Trabalho Sujo. Para começar tem o protagonista que fala fluentemente sarcasmo, como praticamente todos do livro. Depois aparecem uns hellhounds do tamanho de cavalos e que comem até extintores e resolvem morar com ele, sem chance de recusa. Para coroar tudo tem bichinhos do tamanho de esquilos vestidos com botas de prostitutas ou tutu de balé usando alfinetes como espadas. O mais incrível é tudo isso ter explicação. 

Como é citado no livro por uma personagem, todos queriam tanto que algo incrível acontecesse que, quando acontece, é recebido como algo normal. Não é assim no começo, claro, mas depois de aceitar ser a morte Asher começa a se deparar com situações que ele nem mais duvida, só tira sarro e tenta desviar.

A trama é muito divertida e envolvente, ficando mais esquisita a medida que o livro avança e que dá pérolas para os leitores, tais como:

- Sr. Asher, por favor, vai embora.
- Não, minha senhora, devo insistir para que a senhora faleça nesse exato momento. A senhora está atrasada!

O final não chega a ser surpreendente nem inesperado, mas como a vida, o que importa mais é a viagem, e não como ela acaba.
* Apesar dos coelhinhos da capa e dos esquilos, não é um livro para crianças. Tem linguagem forte, descrições de cabeças decepadas e tripas em formas aleatórias e muitas referências sexuais.

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