Ontem foi exibido o último episódio da terceira temporada de Game of Thrones e, diferente da comoção que o episódio anterior havia causado, mobilizando pessoas do mundo todo em redes sociais para discutí-lo, este não provocou muita reação.
De maneira alguma foi ruim, mas foi como qualquer outro episódio bom e não é exatamente o que se espera de um final de temporada. É o preço que se paga por decidir incluir o evento mais importante da seleção do livro que seria adaptada para o terceiro ano no episódio nove.
(Spoilers da temporada)
O último episódio da temporada, Mhysa, veio em clima de day after, para dar a repercussão daquele que ficou conhecido como Casamento Vermelho. O episódio começou com a conclusão da chacina que atingiu não só Robb, Catelyn e Talisa, como também todos os homens que serviam à bandeira dos Stark nas Gêmeas. Descobrimos que ao menos o Peixe Negro, irmão de Catelyn, conseguiu fugir. A situação toda, provavelmente ainda dolorosa para muita gente, consegue provocar um pouco mais de revolta na cena que exibem o corpo de Robb decapitado costurado à cabeça do Lobo Vento Cinzento e Arya vendo o irmão dessa maneira. A crueldade da atitude é extrema e já dá para perceber que os autores dos assassinatos não passarão incólumes, como indica Bran quando conta a história do Cozinheiro Rato e como Tyrion bem coloca, o norte se lembrará disso.
No entanto, por duas vezes no episódio é levantada a questão de que a morte de poucos, ainda que realizada de uma forma terrível, é mais válida do que levar milhares a morrer nos campos de batalha por um tempo indeterminado de guerra. É claro, essas declarações carregam os interesses pessoais de Tywin Lannister, Melisandre e Stannis, mas não deixa de deixar no ar discussões diversas. Afinal, quem acompanha a trama de George R. R. Martin sabe que não existe uma linha que separa personagens bons e personagens maus - estão todos misturados em um mesmo balaio e a avaliação da moral de cada um depende muito do ponto de vista.
O nome do episódio se refere à trama de Daenerys e a forma como ela rapidamente está conseguindo juntar milhares de pessoas ao seu exército com total devoção à Mãe de Dragões, ou, neste caso, só Mãe. A terceira temporada nos trouxe uma nova khaleesi: a conquistadora. A garota que começou de forma bem frágil lá na primeira temporada agora tem oito mil soldados imaculados e inúmeros ex-escravos sob seu controle. Enquanto isso, ela vai deixando um rastro de fogo e sangue pela Baía dos Escravos.
Um dos destaques do episódio, mais uma vez, foi o diálogo entre Tyrion e Tywin. Desta vez o roteiro foi além do livro e acrescentou a pergunta do anão ao pai sobre quando foi que ele deixou os interesses pessoais de lado pela família. A resposta foi de uma maldade que condiz perfeitamente com o personagem. Se Peter Dinklage já provou seu talento desde a primeira temporada e nesta só continuou o excelente trabalho, neste ano Charles Dance pode demonstrar de vez que junto com o "filho" é um dos melhores atores da série.
Se Tywin Lannister foi um dos pontos altos da temporada, Jaime Lannister também foi. Finalmente a história deu mais foco para o Regicida e conhecemos um pouco mais sobre o seu lado da história. Depois de todo o julgamento que ele recebeu, principalmente em relação a morte do Rei Louco, dá para entender a sua amargura e o ódio que sente de pessoas como os honrados Starks. Nicolaj Coster-Waldau mostrou que não é só um rosto bonito-príncipe-encantado-do-Shrek e é justa a indicação que recebeu no Critics' Choice TV Awards como melhor ator coadjuvante.
O ponto fraco da temporada ficou por conta da trama de Jon. A história além da muralha e dos selvagens demorou a engrenar e, se comparar a outros personagens, o patrulheiro fez muito menos coisas relevantes do que os outros, mas a escalada na Muralha e alguns diálogos que ele tem com Ygritte fizeram suas cenas valeram a pena. Já a trama de Bran teve um bom começo, como a chegada dos novos personagens Jojen e Meera Reed, mas sem muitas das conversas entre o menino Stark e o garoto da Visão Verde, a história dele pareceu menos interessante da metade para o fim da temporada.
"Se pensa que isto tem um final feliz, você não está prestando atenção." |
Também foi uma surpresa as alterações que fizeram na história de Stannis e Melisandre, trazendo Gendry para Pedra do Dragão e incluindo uma cena interessante entre a Mulher Vermelha e Arya em que sugere que o caminho das duas se cruzará novamente. Já Davos vem se mostrando um personagem cada vez mais importante, mudando o rumo nas decisões de Stannis e as cenas dele aprendendo a ler com Shireen Baratheon são algumas das mais bonitas que Game of Thrones já apresentou.
O Casamento Vermelho
Intitulado The Rains of Castamere, o nono episódio serviu para concretizou um dos acontecimentos mais importantes e revoltantes dos livros da série As Crônicas de Gelo e Fogo, mas que vinha sendo construído desde a segunda temporada da série. Não que a morte de Robb fosse uma grande surpresa, afinal o Jovem Lobo estava tomando muitas decisões questionáveis, para dizer o mínimo, que o deixavam em uma situação cada vez mais delicada. Mas a forma como isso ocorreu foi brutal demais. E iniciar a fatídica cena na série com as facadas na barriga grávida de Talisa já mostrou que estávamos diante do começo de um dos momentos mais tensos da história na televisão.
Intitulado The Rains of Castamere, o nono episódio serviu para concretizou um dos acontecimentos mais importantes e revoltantes dos livros da série As Crônicas de Gelo e Fogo, mas que vinha sendo construído desde a segunda temporada da série. Não que a morte de Robb fosse uma grande surpresa, afinal o Jovem Lobo estava tomando muitas decisões questionáveis, para dizer o mínimo, que o deixavam em uma situação cada vez mais delicada. Mas a forma como isso ocorreu foi brutal demais. E iniciar a fatídica cena na série com as facadas na barriga grávida de Talisa já mostrou que estávamos diante do começo de um dos momentos mais tensos da história na televisão.
O desenvolvimento do Casamento no episódio ocorreu de forma primorosa. A tensão estava no ar, afinal desde a primeira cena em que surgiu, Walder Frey sempre pareceu ser um canalha, mas quando Catelyn vê a portas do salão se fechando e a música The Rains of Castamere tocando, assim como ela, sabemos que algo está muito errado. Graças a explicação de Cersei alguns episódios antes, sabemos que ela é uma canção de vitória feita em homenagem a Tywin Lannister por ter destruído toda uma Casa (matando todos: homens, mulheres e crianças) que estava se erguendo na tentativa de tomar o poder dos leões. A partir daí existe um excelente trabalho de fotografia e de direção de câmera que torna tudo mais angustiante, nunca desviando o nosso olhar do horror que está por vir.
Os atores também estão excelentes, desde Richard Madden como Robb em desespero vendo a esposa grávida morta até a Arya de Maisie Williams que demonstra num único olhar enquanto assiste a morte de Vento Cinzento a completa desolação de entender o que está ocorrendo. Mas o destaque com certeza vai para Michelle Fairley, a Catelyn. A última tentativa de tentar barganhar a vida do filho nos leva a sentir na própria pele o pânico da situação e, ao fim, nem precisaram os gritos de loucura descritos no livro: o silêncio da personagem e o olhar perdido logo antes de ter a própria garganta cortada bastaram.
Agora é esperar a quarta temporada com ansiedade, que trará os Martell para a história com Oberyn, o Víbora Vermelha, o casamento de Joffrey, a repercussão da volta de Jon para a Patrulha da Noite, o destino de Arya, Jamie, agora mutilado, de volta à Porto Real, a movimentação de Yara Greyjoy para reaver o irmão e Dany continuando a sua jornada. É bastante coisa e em comparação com esta temporada, o próximo ano de Game of Thrones não deve deixar a desejar. Que venha abril de 2014!
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