11 de jun. de 2013

Das Prateleiras: Festim Diabólico

Posted by Aline Guevara On 22:48 0 comentários


Festim Diabólico (Rope, 1948), o primeiro filme colorido de Alfred Hitchcock, não é tão conhecido quanto clássicos como Psicose, Janela Indiscreta e Um Corpo Que Cai. Mas a obra merece ser lembrada, pois com ela o diretor prova que, diferente do que vemos no cinema atual, é possível fazer um suspense de alta qualidade somente com um cenário e muito diálogo.

Na trama, os estudantes Brandon (John Dall) e Philip (Farley Granger) matam o colega David Kentley (Dick Hogan) para provarem sua teoria de que poderiam cometer o crime perfeito. Para tornar a situação mais desafiadora, eles convidam os pais e a namorada do rapaz assassinado, além do professor Rupert Cadell (James Stewart) para uma reunião em sua casa e usam como mesa para a comida e bebida o baú que guarda o corpo.

Como o filme é baseado em uma peça teatral e tendo praticamente só um apartamento como cenário, os diálogos e as atuações são seu ponto alto. Das conversas banais às provocações que Brandon faz constantemente tentando atiçar a mente do inteligente professor, o roteiro é impecável na tarefa de provocar tensão crescente. E existe um grande trabalho de atuação, principalmente de Granger e Stewart que culmina no clímax de Festim Diabólico e na extraordinária discussão entre os dois.

Philip, Cadell e Brandon
Hitchcock faz um trabalho de câmera excepcional. Festim Diabólico foi todo filmado em poucas tomadas contínuas de quatro a dez minutos e no fim só tem oito cortes. Mas o filme foi editado de forma que nem esses cortes nós conseguimos perceber, parece que ele foi rodado em um único take. Como acompanhamos em "tempo real", parece que a sua duração é bem maior do que somente 80 minutos. O diretor é tão fantástico que consegue deixar o público à beira de um ataque de nervos só de decidir focalizar o baú por vários minutos, enquanto ouvimos a conversa banal dos personagens.

O filme é baseado em uma história real, o caso Leopold-Loeb, no qual dois universitários mataram um colega de uma forma bem parecida a mostrada no filme. 

Apesar do fantástico trabalho de câmera e atuações, uma das coisas mais marcantes no filme são as explanações dos estudantes do porquê realmente mataram o colega. A desconstrução e uso de um conceito filosófico de forma deturpada instiga discussões e divergência de opiniões. O mesmo não se pode dizer da constatação que Festim Diabólico é uma das melhores obras de Alfred Hitchcock.

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