De uma cela, Dalton Russell encara a
câmera e afirma ter planejado o roubo perfeito e convida os espectadores a
assistir. "Mas se era perfeito, por que ele está preso?", você
pergunta. E é principalmente por isso, para descobrir não só como, mas
"o que" ele quer, que o filme O Plano Perfeito (129 min., 2006) prende a atenção do público até o fim.
O
filme segue uma narração não linear, mostrando o começo do assalto
ao banco, quando o grupo eficiente de Russell (Clive Owen, Sin City) tranca o local com dezenas de reféns.
A partir daí, várias cenas mostram os policiais conversando com os
reféns (ou quem eles acham que são reféns), isoladamente, para tentar entender o que aconteceu. Isso por que eles não sabem quem assaltou o banco. Quando a
história volta para o assalto, mostra os bandidos desdenhando do cofre e
admirando... uma parede. Para negociar com o grupo, o detetive Keith Frazier (Denzel Washington, Dia de Treinamento) é chamado, enquanto tem que resolver as acusações de corrupção que enfrenta.
Do lado de fora do conflito, mas mais preocupado do que nunca, está o dono do banco, Arthur Case (Christopher Plummer, Millenium - Os Homens que não Amavam as Mulheres). Ele negocia com Madeleine White (Jodie Foster, O Silêncio dos Inocentes),
uma corretora com uma lista de clientes poderosos e suspeitos, mas que
também presta serviços de assessoria para negociar com os
ladrões, já que aquele banco em específico contém algo que Case não
deseja que venha à tona. Os ladrões não pretendem sair do banco (que tem
somente uma entrada) e fazem pedidos que confundem os policiais e o
detetive, que percebe que eles querem somente tempo. Mas por quê?
Com
um elenco de estrelas, não há o que reclamar das atuações. Owen faz um
controlado e inteligente ladrão, sempre um passo a frente do detetive.
Denzel dá um show como o detetive Keith, que tenta manter-se bem
humorado enquanto sofre pressão policial e política e tenta administrar
bem a negociação com o intrigante oponente. Já Jodie Foster interpreta a
mais perigosa personagem, aquela que sabe segredos de pessoas poderosas
e cobra em favores e em muito dinheiro. Sabe bem negociar - e
chantagear -, parecendo sempre conseguir o que quer.
Dirigido por Spike Lee (Faça a Coisa Certa),
o filme também tem críticas sociais implícitas e outras nem tanto, como
o funcionário do banco que usa um turbante e é tratado primeiramente
como criminoso (e não devolvem o turbante), reflexo da paranoia pós
atentados aos Estados Unidos. E apesar de elogiar Spike Lee ser chover
no molhado, não há como não mencionar a cena em que algo dá errado na
negociação e a câmera foca no rosto de Denzel caminhando rápido enquanto
as pessoas ao redor parecem apenas um borrão sem som, mostrando bem a
situação psicológica do personagem.
O Plano Perfeito tem um roteiro intrigante com surpresas até o fim, uma história inteligente, ação e atuações excelentes. Uma ótima pedida.
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