A lista de hoje é sobre animações em computação gráfica (ou stop motion) que agradam as crianças, mas também (e às vezes até mais) os adultos, seja por piadas que somente os "crescidinhos" entendem ou seja pelos temas abordados.
UP - Altas Aventuras
UP tem como protagonista um velhinho rabugento que já viveu uma linda história de amor que provavelmente arranca lágrimas nos primeiros minutos de filme. Ainda que tenha o pássaro colorido, o cachorro atrás do esquilo e o atrapalhado escoteiro garantindo momentos divertidos, o filme também tem abordagens de rancor, morte, solidão e separação. Além, claro, da saudade e conformação.
Shrek
Shrek começou com uma das melhores propostas: revirar tudo que os contos de fada propunham, fazendo piadas com conceitos estabelecidos por anos pela Disney. A princesa arrotava, sabia se virar, o "princípe" da vez é um ogro, a fada madrinha é má, entre tantas outras coisas. Durante a série vimos piadinhas maliciosas, até com drogas, além de inúmeras referências a outros filmes.
O filme já começa em um mundo que os adultos temem: devastado, coberto de lixo e sem nenhuma vida. O único ser que está por aqui, juntando todo o lixo sozinho é Wall-E. Isso até Eve, a robô moderna, aparecer e iniciar um gracioso romance com o robozinho. Se não bastasse isso, o desenho ainda mostra os humanos sobreviventes como seres gordos e sedentários no espaço a procura de um planeta habitável, uma vez que já destruíram o seu próprio. Esse dificilmente seria um enredo para um desenho infantil. E, de fato, por mais que esta seja uma produção voltada para as crianças, ela cativa muito mais o público adulto que entende a forte crítica implícita nela.
Coraline
A vantagem de Coraline com o público infantil já começa na identificação com a obstinada e teimosa garotinha que dá nome ao filme e ao livro que o originou, do escritor de fantasia Neil Gaiman (este também é outro artista que adora associar o mundo infantil com o terror). Mas enquanto as crianças vão tomando sustos nas descobertas da menina de um mundo paralelo fantástico, os adultos imergem nesse universo psicodélico que mais parece ter sido formado de sonhos (ou pesadelos...) com muito mais atenção a detalhes. O visual do filme é fantástico e as teorias, explicações e maquinações sobre o seu enredo são detalhes que passam despercebidos por boa parte dos pequenos espectadores, mas não pelos grandes.
Noiva Cadáver
Quando Tim Burton decide pôr as mãos em um desenho, não dá para esperar que este saia muito infantil. Ou melhor, infantil sim, mas é uma juventude que reflete o mundo sombrio e bizarro que fez parte da infância do diretor. E então temos a Noiva Cadáver, repleta com seus com seus personagens humanos estranhos e mortos-vivos com corpos caindo aos pedaços. Sua personagem-título então pode até ser doce e gentil em alguns momentos, mas também é assustadora e obsessiva em outros, chegando a tentar assassinar o mocinho da história. A criançada pode até gostar de levar sustos, mas muitas das problemáticas do filme são melhor compreendidas por adultos.
Jack sempre viveu na terra do Halloween, sendo a estrela principal do evento, passando o ano a planejar sua execução. Mas lhe falta algo, e ele quer conhecer novas comemorações, experimentá-las e compartilhar com os outros. Estar insatisfeito com a vida não é exclusividade dos adultos, mas com certeza se identificam mais do que os pequenos. Ainda mais quando algumas cenas e personagens podem assustá-los, mas que são de fato adoráveis.
A série Toy Story tem premissas que se desenvolvem junto com o público, crescendo junto com ele. Não é a toa que os brinquedos falantes enfrentam temas diversos, como a chegada de novos membros, a rejeição e aceitação e, mais importante e emocionante, o próprio crescimento. Para quem acompanhou Toy Story desde o começo nos cinemas, chegou à terceira parte emocionado por já ter passado pelo fim da infância e também por ver mais um capítulo dela chegando ao fim.
Ratatouille
Quando o estúdio mais criativo do ramo da animação resolve nos surpreender com uma nova ideia, geralmente ele consegue. E em Ratatouille a Pixar conseguiu reunir (sem uso de qualquer artifício 3D, 4D, 5D...), três sentidos que muito dificilmente são encontrados juntos em um filme: visão, olfato e paladar. A riqueza de sensações que o pequeno ratinho cozinheiro nos transmite é incrível e por mais que os pequenos possam adorar o desenho, são os adultos que realmente se “deliciam” nas sutilezas e no preciosismo dessa inspirada produção.
Os Incríveis
Se com grandes poderes vem grandes responsabilidades, imagine o tamanho da responsabilidade se sua família inteira tem grandes poderes. Seu filho hiperativo tem super velocidade, sua filha tímida fica invisível e sua esposa se desdobra (literalmente) para segurar três super filhos. Às vezes ter super poderes só dá uma super dor de cabeça. Os valores da família e as responsabilidades no filme extrapolam os problemas típicos de uma família comum no contexto de um mundo de super heróis, lúdico e colorido para as crianças, mas com uma mensagem bem clara e séria para os pais, sem, no entanto, perder a magia e o brilho de uma produção da Pixar.
Há diversos temas e referências no filme: o peixe órfão de mãe, o pai solteiro superprotetor, o filho que desafia o pai, os perigos do mundo, a deficiência física, a ânsia pela liberdade. E também os tubarões em reunião no melhor estilo alcoólicos anônimos, tartarugas que falam como surfistas (e parecem utilizar entorpecentes...). Uma grande analogia, com o mundo sendo como o mar aberto, cheio de perigos (e cheio de peixes), mas que mostra que os pais eventualmente precisam soltar os filhos no mundo, superando os próprios medos, para que possam crescer e amadurecer junto com os pequenos.
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