O Inverno das Fadas conta a história de Sophia Coldheart, uma Leanan Sídhe, fada-musa que seduz e inspira artistas em troca da energia artística deles que ela consegue adquirir só por estar perto, mas principalmente ao inspirá-los e pelo prazer sexual. A energia que rouba é o que a mantém viva e quando abandona os artistas, eles cometem suícidio. Acompanhamos Sophia em busca de uma nova presa: William Bass, escritor de uma minúscula cidade inglesa.
Sophia é um fada belíssima, afinal, ela tem que seduzir outros para sobreviver, mas também é arrogante e até um pouco egoísta. Nunca amou de verdade, apesar de se apaixonar com frequência por suas presas e por sua arte. Apesar dos defeitos, ela não é realmente má, mas faz parte da natureza dela, assim como ninguém é totalmente bom ou mau. Entre as qualidades, podemos citar que é inteligente, independente, com personalidade forte e se importa muito com os outros. William é o tipo de homem que, como a fada mesmo diz, é difícil de se encontrar: tem muitas qualidades, como ser atencioso e talentoso, mas também é teimoso, recluso e um pouco aéreo (mas ainda assim isso é um charme). De fato, ele parece perfeito demais, mas como o vemos pelo prisma da fada apaixonada, isso é um pouco relevado.
A primeira metade do livro mostra mais o relacionamento da fada e do autor, mostrando que o "controle" da relação não está completamente nela, que sente que é ela própria quem está sendo enfeitiçada. Há também desenvolvimento do cenário e dos personagens, além de explicar como se dá a ligação da fada com os artistas/presas. Para quem não gosta de romance (como eu) pode ser um pouco longo, mas tal parte justifica o fim do livro, que não teria a mesma carga emocional se não fosse a primeira metade. Já na segunda metade, a coisa muda de figura: estabelecido o destino sombrio do escritor, decisões são tomadas que levam à cenas de ação e perigos (mais) reais, mesmo para alguém cuja morte é certa.
Uma grande qualidade do livro é a pesquisa realizada pela autora, Carolina Munhóz, a respeito de toda a cultura inglesa; da cidade, muito bem descrita; dos diferentes tipos de fadas; todos presentes na trama, assim como o lar deles e a hierarquia dentro do domínio das fadas, além dos rituais e festivais pagãos, dos quais destacam-se no livro o Samhain, Yule e Beltane.
Outro ponto é o jogo de adivinhas que os leitores podem fazer ao descobrir quais artistas Sophia já seduziu, pois a autora troca o nome de alguns, mas descreve bem a situação em que morreram e qual o ramo artístico que seguiam, servindo como uma homenagem a cada um deles.
Os capítulos são divididos por letras e músicas que determinam qual o tom do que o leitor encontrará. Ao fim do livro, há a playlist de todas as músicas, para ninguém ficar encucado sabendo que conhece mas não lembrando delas e também para quem quer saber se acertou todas. Para quem (novamente, como eu) conhece várias e tem o péssimo hábito de lembrar a letra toda, começar a cantar e até visualizar o clipe, pode ser uma (boa) distração e excelente trilha.
A história em si também parece se tratar de um paralelo fantástico da vida da própria autora, mas vamos nos ater ao livro. Trata-se não somente de uma história de amor, mas também de redenção, de fácil e gostosa leitura que é também um belo exercício de imaginação.
3 comentários:
estou lendo e achando a história bastante interessante apesar de parecer esses livros que se compra em banca de jornal por causa do conteúdo erótico, é interessante. vale a pena ler.
Olá Rafael!
Acredito sinceramente que o livro que mais parece com esses das bancas é o 50 tons de cinza, achei o conteúdo do inverno das fadas bem mais sutil e elegante nesse sentido. E sim, é bem interessante!
Abs
eu li e n acho q 50 tons de cinza seja um livrque se compra em banca de jornal mtt pelo contrario e mtt boom
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