8 de set. de 2012

Crítica: ParaNorman

Posted by Natália Lins On 18:59 0 comentários




Uma animação, feita em stop motion, com visual macabro e com uma história inteligente; e não foi um trabalho de Tim Burton?! Pois é, não! 

Dos mesmos criadores de Coraline e o Mundo Secreto, Chris Butler, que também trabalhou com Tim Burton em A Noiva Cadáver, e Sam Fell, o filme ParaNorman (que manteve seu título original) também tem como foco principal o sobrenatural. 

Norman é um garoto fã das mais assustadoras histórias de terror, além de ter o dom de conversar com os mortos. Muito ingênuo o garoto revelou a todos o poder que possuía, o que obviamente fez com que fosse considerado, no mínimo, maluco e estranho. Na escola é sempre alvo de piadas e desprezo e em casa também não encontra o apoio que precisa. 

Na cidade em que Norman vive existe uma lenda assustadora onde uma bruxa, após ter sido condenada  a morte por feitiçaria amaldiçoou a cidade, prometendo um dia ressuscitar os mortos para se vingar da população. O garoto recebe a ardilosa missão de fazê-la parar, para que tremendo mal não assole a cidade.


O longa traz muitas referências e sátiras a filmes clássicos de terror que certamente as crianças não assistiram, mas seus pais reconhecerão bem rápido. Os créditos em vermelho sangue, com letras desalinhadas, e moças histéricas gritando loucamente ao vir um zumbi vindo em sua direção, são grandes exemplos disso. Os zumbis foram muito bem feitos por sinal, mais assustadores do que os vistos em produções infantis anteriores - asquerosos com suas roupas em trapos, unhas sujas, dentes escuros e faces desfiguradas. 


Elementos amedrontadores não faltam. As trilhas sonoras e os clarões contribuem para aterrorizar ainda mais e também aproximá-lo das clássicas produções de terror. ParaNorman talvez não seja indicado para crianças muito pequenas, pois se trata de um filme que aborda temas intensos e apresenta imagens fortes. 

Como toda boa história de zumbis, não faltam críticas sociais na animação. A violência como resposta ao medo, a irracionalidade ao lidar com o diferente e a alienação da massa são apenas alguns dos temas fortemente propagados em ParaNorman. A história defende os pequenos grupos que são considerados pela sociedade como anormais, seja por acreditarem em fantasmas, por estarem acima do peso, ou por terem poderes que fogem a explicação na ciência. O filme trata-os com respeito, em contraponto àqueles outros que só destratam aquilo que não conhecem.



Uma produção com humor inteligente e sutil, e com uma ideologia proeminente. Sem dúvida um dos filmes de animação mais ousados já feito, que não apela para soluções fáceis ou explicações baratas. Esse é mais um exemplo de que animações não são feitas apenas para crianças e, nesse caso, alguns pais terão a terrível tarefa de ter de explicar com muito jeito alguns acontecimentos mais complexos aos seus pequenos, como a  morte, a injustiça e o abandono.



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