30 de ago. de 2012

Era Uma Vez: Gênesis

Posted by Thaís Colacino On 15:46 0 comentários


Na última Bienal do Livro, deixei-me levar pela capa de um (e pelo preço) e interessei-me mais com a história que a contra-capa anunciava: a Terra havia sido devastada pela peste e só restava um local de salvo-conduto, cujos guardas eram treinados para atirar nos aviões e embarcações que tentassem adentrar. Até que um deles iria contra tudo o que aprendeu, resgatando uma garota.

Bernard Beckett
Parecia o típico cenário de filme de destruição em massa em um local autoritário que veria seu governo ruir devido a ação emotiva de um guarda, e todos seriam livres e a Terra estaria a salvo em vários locais. Ledo engano. Gênesis, de Bernard Beckett (173 págs, Intrínseca), nem comenta sobre a garota nem seu futuro. A história foca-se no que aconteceu com o soldado, Adam Forde e Art, um robô com o qual ele tinha que interagir.

"Como assim?" você se pergunta. Simples: em vez de seguir o caminho padrão de uma literatura previsível, Bernard nos leva por uma leitura de ficção científica filosófica, sem nunca ser enfadonha, com a problemática de resolver a questão estampada na capa: O que realmente significa ser humano?

Mas não acompanhamos Adam ou Art na trama. E antes que você fique com raiva e vire uma mesa, eu explico: acompanhamos Anaximandra, que tem 14 anos e sonha em entrar na Academia, que controla o local em que vive. Para isso, ela deve escolher um tema e opta pela vida de Adam Forde, por quem tem uma afinidade enorme, mesmo que nunca o tenha conhecido. O livro narra as quatro horas de exame e a interação dela com os três examinadores. Ela apresenta a vida de seu objeto de estudo e eles a testam, fazendo recontar em retrospectiva como era o mundo antes da fundação da República e como as ações de Forde culminaram no mundo no qual eles habitam: pacífico e perfeito.

Apesar do estilo em que é escrito, com perguntas e respostas e poucas descrições, o livro não entedia. Muito pelo contrário: as interações de Forde e Art e a tentativa de cada um de desacreditar o outro ou tentar fazer seu ponto de vista faz com que o leitor deixe de lado as próprias convicções sobre o que é ser humano.

O final é surpreendente, daqueles que fazem o leitor reler várias vezes para se assegurar que aquilo de fato ocorreu. Mas pode frustras vários leitores que, como eu, queriam saber mais daquele mundo, do passado e do presente, mas não terão respostas que não sejam da própria imaginação. Inspirado por nomes como  Isaac Asimov (Eu, Robô), Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisséia no Espaço), Phillip K. Dick (Blade Runner: O Caçador de Andróides), Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo) e George Orwell (1984), Gênesis tem tudo para ser mais um clássico da ficção científica.

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