25 de ago. de 2012

Crítica: Rock of Ages

Posted by Aline Guevara On 10:22 2 comentários



É muito difícil falar de musicais porque esse é um tipo de gênero que divide opiniões e geralmente elas são intensas. Não tem jeito, se você gosta de musical, você ama; se não gosta, odeia com todas as forças. Eu me encaixo no primeiro grupo e como boa fã de rock, o novo filme de Tom Cruise, Rock of Ages, naturalmente me chama a atenção. Infelizmente a produção, que tinha um imenso potencial, não chega a ser um grande filme do gênero, mas certamente deixará uma ponta de nostalgia em cada um deixar o cinema depois de assisti-lo, além de várias músicas na cabeça. 

Rock of Ages é baseado no musical homônimo que chegou aos palcos da Broadway em 2009 e, apesar do tema, uma homenagem ao rock norte-americano dos anos 1980, passar longe dos clássicos premiados, a produção chegou a ser indicada a cinco categorias do Tony, a maior premiação do teatro. E isso não é pouca coisa.

No filme acompanhamos a chegada de Sherrie (Julianne Hough) a Los Angeles, que sonha em ser cantora, e seu encontro com Drew (Diego Boneta, da novela mexicana Rebelde), garoto que também deseja alcançar o estrelato fazendo sucesso com a sua banda. Enquanto o sonho não se realiza, eles trabalham na casa de shows de rock Bourbon Room, que está em polvorosa porque irá receber o astro do rock Stacee Jaxx (Tom Cruise) e sua banda Arsenal.

O romance entre Sherrie e Drew alterna bons e maus momentos em cena. Falta espontaneidade no encontro inicial do casal e qualidade na atuação de ambos. Mas conforme o filme avança o relacionamento entre os dois fica mais natural e mais "torcível". 

Hough, que está despontando no EUA como artista country, não canta mal. O problema é que sua voz não se encaixa bem na maior parte do set list do filme, o que resultou em apresentações medíocres, para dizer o mínimo, de canções belíssimas como More Than Words (Extreme) e Harden My Heart (Quaterflash). Já Boneta, apesar de não ter uma voz marcante, consegue fazer boas e animadas apresentações de I’ve Waiting For a Girl Like You (Foreigner), I Wanna Rock (essa ficou excelente - Twisted Sister) e Here I Go Again (Whitesnake).

Alec Baldwin e Russell Brand (ex-marido de Katy Perry), interpretando os proprietários do Bourbon Room, sempre rendem bons momentos e o dueto dos dois interpretando Can’t Fight This Feeling Anymore (REO Speedwagon) é uma das cenas mais hilárias do filme. Paul Giamatti, a exemplo das outras estrelas do filme, não tem grande tempo em tela, mas aproveita cada uma de suas cenas e deixa sua marca como o empresário canalha que só quer ganhar sobre seus clientes.

A maior decepção do filme vem de alguém que esperamos com altas expectativas: Catherine Zeta-Jones. Muito conhecida pelo Oscar que ganhou por interpretar (e arrasar como) Velma no musical Chicago, a atriz vive a primeira dama de Los Angeles, uma carola obcecada por acabar com o rock na cidade, que prega ser uma coisa do demônio e, especificamente, arruinar a carreira de Stacee Jaxx. O que era para ser uma personagem cômica se torna uma personagem patética e desinteressante. Mesmo as suas apresentações musicais não conseguem ser muito melhores, apesar de interpretar os divertidos We’re Not Gonna Take It (Twisted Sister) e o mashup Hit Me With Your Best Shot (Pat Benatar) / One Way or Another (Blondie). O filme, inclusive, seria melhor executado se toda a sua história fosse suprimida. Bryan Cranston, outro grande nome no elenco, é absolutamente desperdiçado como o prefeito.

Mas nós esquecemos todos os problemas do filme quando Tom Cruise e seu Stacee Jaxx entram em cena. O ator fez um trabalho incrível como o roqueiro excêntrico e vulnerável, que teve seu período de glória, mas, ainda que sua fama se mantenha entre os fãs, é criticado por não apresentar mais músicas boas, vivendo somente dos antigos sucessos. A fascinação que ele parece exercer sobre as pessoas no filme reflete um pouco o que ocorre fora da telona; é impossível desviar a atenção do astro. E Cruise faz bonito também cantando Wanted Dead or Alive (Bon Jovi), Paradise City (Guns N’ Roses) e Pour Some Sugar on Me (Def Leppard), segurando bem as difíceis notas das músicas.

É claro que como adaptação de um musical já existente, existe uma trama a ser seguida pelo roteiro. Mas com certeza o filme Rock of Ages ganharia muito mais se deixasse de lado, e até excluísse, algumas tramas paralelas e se focasse no fascinante Stacee Jaxx. Cruise já provou há muito tempo que é um grande ator e esse personagem só vem para abrilhantar ainda mais o seu trabalho.  

Por fim, se você não se cansou de ouvir Don’t Stop Believin (Journey), hino máximo da série de televisão Glee, não tem porque não sair do cinema cantando Just a small town girl, livin’ in a lonely world...

2 comentários:

Mais uma das peças que não assisti, mas tenho muita vontade de assistir! Já chicago, assisti e amei! =D

Chicago é mesmo sensacional Karol! Assistir nas telonas não é a mesma coisa que ver nos palcos, mas nem sempre da para ir no no teatro, né?! Bem, pelo menos podemos acompanhar oss musicais em suas versões cinematográficas.

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