Baseado em uma história real, Meninos Não Choram conta a história de Teena Brandon (Hilary Swank), uma garota com grandes conflitos acerca de sua identidade sexual. Vestia-se como um garoto e comportava-se como tal, se tornando então Brandon Teena. Hesitando em aceitar sua homossexualidade, Brandon levava uma vida de mentiras, fazendo todos acreditarem que era um homem de verdade.
Com a intenção de fugir da polícia por seus atos errôneos e sem rumo, ela aceita uma carona e vai parar em Falls City, no Nebraska. Lá experimenta o prazer de dirigir em alta velocidade, de ser tratado como igual pelos amigos e de ser desejado pelas garotas.
Em meio às aventuras, Brandon se apaixona por Lana Tisdel (Chlöe Sevigny) e passa a se envolver cada dia mais com aquelas pessoas que, assim como todos, também acreditavam piamente que ela era um garoto. Mas como toda verdade vem à tona independente do tempo que transcorra, uma reviravolta acontece na trama e a vida de Brandon se transforma para sempre.
(Spoilers do filme)
Embora Lana não se importe com o fato de Brandon ser na verdade uma mulher o mesmo não acontece com seus amigos, John (Peter Sarsgaard) e Tom (Brendan Sexton III), que se revoltam e, tamanha é a fúria dos dois que decidem destruir a vida da garota. Levam-na para um lugar afastado para espancá-la e estuprá-la. Mesmo dando queixa à polícia nada acontece, por motivos também preconceituosos.
Uma tragédia acontece quando Brandon, em um ato de desespero procura por Lana para fugirem. Mas não dá tempo de concretizarem o sonho, John e Tom as encontram e acabam com a vida de Brandon. O assassinato foi um dos mais notórios crimes de ódio dos EUA na década de 1990.
(Fim dos spoilers)
Um personagem real, uma história que foi muito além das telonas, Brandon foi um ícone e mereceu que a sétima arte recriasse sua vida, trazendo para o histórico cinematográfico um drama intenso e inesquecível. O mistério de manter uma dupla identidade sem que ninguém notasse atraiu a atenção da diretora Kimberly Peirce, que embarcou em uma odisseia de cinco anos para compreender Brandon Teena e transformar sua história em um filme onde o mistério é a própria identidade humana.
Em determinados momentos o roteiro pareceu se abster de muitas explicações que precisavam ser dadas, nota-se uma fragmentação na história, mas não deixou a desejar na montagem do personagem principal e até mesmo dos secundários. A diretora foi capaz de conduzi-los para o universo real, o que desperta no espectador emoções fortes e diversas sensações.
Com todo merecimento, Hilary Swank ganhou o Oscar de Melhor Atriz em 2000 graças a sua brilhante interpretação. É muito fácil esquecer que Brandon na verdade é uma mulher, Swank realmente imergiu em seu personagem e mostrou um exímio talento na arte de interpretar. O mesmo aconteceu com a coadjuvante Chlöe Sevigny, o par romântico da protagonista. A harmonia entre elas faz com que o público esqueça o verdadeiro sexo dos personagens, o que fica estampado na tela são apenas as demonstrações de amor e afeto que qualquer ser humano é capaz de fazer. Consequentemente esse mesmo público torcerá por um final feliz.
Uma história cheia de sonhos, desejos, esperança, realizações e superações. É a representação de uma sociedade repleta de anseios do passado que deveriam ter sido extintos, uma sociedade contemporânea deveria ser provida de maturidade suficiente para respeitar o diferente. Sem usar elementos apelativos para sensibilizar o espectador, Meninos Não Choram utilizou apenas a cruel e triste realidade vivida por milhares de pessoas.
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