"Olhe para mim! Olhe para mim! O monstro crescendo dentro de mim está tão grande!"
Monster, de Naoki Urasawa é, de longe, o melhor mangá que já li. Um suspense dividido em 18 volumes (e para alguns países sortudos, com um livro extra importante no fim), a história mistura condicionamento psicológico, assassinatos e tramas intrigantes sobre o comportamento humano.
Começando em 1986, acompanhamos o médico Kenzou Tenma, brilhante neurocirurgião japonês que trabalha na Alemanha. Tudo vai bem na vida dele: é adorado pelo diretor do hospital, é noiva da filha deste, todos o amam e sempre faz cirurgia em pessoas importantes, com sucesso. Até que um dia ele tem que fazer uma escolha: atender um político importante ou um garoto que levou um tiro na cabeça. Ele está em estado gravíssimo e a irmã gêmea está em choque, sem poder contar o que aconteceu (só sabemos que os pais foram violentamente assassinados). Tenma opta pelo garoto, conseguindo salvá-lo, mas o político, operado por outro médico, morre. E a vida de Tenma vira um inferno.
Tenma |
Ou melhor dizendo, viraria. As chances de promoção de Tenma vão pelos ares, a noiva o deixa, mas ele tem a consciência limpa. Em poucos dias, os irmãos gêmeos desaparecem e alguns médicos que destruíram a carreira de Tenma morrem, colocando-o de volta ao posto que queria. A polícia e um inspetor, Runge, investigam, mas como não têm provas, Tenma é liberado.
Nove anos depois, Tenma reencontra o gêmeo que ele salvou, Johan. Este confessa ter sido ele quem assassinou os médicos como agradecimento por tê-lo salvo. Isso e mais alguns (vários) crimes. Em suma, um assassino frio, extremamente inteligente e que não tem nenhum peso na consciência (inexistente) sobre os atos que faz e continuará fazendo. Tenma já estava se sentindo culpado por ter salvo tal monstro, e aí a antiga noiva, ainda rancorosa, acha uma forma de incriminá-lo, tornando-o um foragido. E ele gasta seu tempo correndo atrás de Johan, para limpar seu nome e saber quão profundo é o dano que ele causou. E, devo dizer, não é pouco, e isso é só o começo da história.
A história vai remontando até a Alemanha nazista, com direito à crianças sem sentimentos e um livro particularmente perverso, que faz Johan desmaiar e sua irmã ter um ataque (esse seria o tal livro que sairia junto com a edição final). Ele não é demoníaco nem nada, mas uma história infantil (deturpadissima), o conto do Monstro sem nome (reproduzido em nossa fan page no Facebook, para não ter spoilers aqui). Johan, com a capacidade que tem, vai galgando no gosto de muitas pessoas poderosas, que são coniventes com o plano dele...de ser o último ser humano vivente.
O mangá não é uma leitura fácil, mas uma vez acostumado, as páginas são lidas com pressa. Os temas também são complicados: em uma parte da história, Johan destrói esperanças de algumas crianças, fazendo com que elas se joguem de prédios depois de verem a podridão humana.
0 comentários:
Postar um comentário