(Atenção, spoilers sobre a temporada!).
A partir de uma fuga e um ataque de uma horda de zumbis começou a segunda temporada de The Walking Dead e é exatamente assim que ela termina. Arrepiante, trágica e inevitável, a destruição e consequente fuga da fazenda elimina qualquer ilusão de segurança que pudéssemos ter quando a avistamos pela primeira vez. E é com essa angústia que nos encaminharemos para a terceira temporada da série.
Tensão na série é uma constante, mas essa temporada teve a sequência da morte de Otis (Pruitt Taylor Vince), a chocante morte de Sophia (Madison Lintz), a não menos chocante morte de Dale (Jeffrey DeMunn), o embate entre Rick (Andrew Lincoln) e Shane (Jon Bernthal). E tivemos muito de Shane, de modo geral, o grande catalisador da tensão na série, trilhando um caminho sombrio e sem volta.
Shane definitivamente foi o grande nome da temporada. O produtor da série, Robert Kirkman, declarou que se na primeira temporada houvessem mais episódios, ela culminaria na morte do personagem. Como não foi possível, os fãs puderam acompanhar a transformação do ex-policial em algo que beirou ao animalesco e alguns dos melhores momentos do seriado como a cena em que ele se vê ensanguentado refletido no vidro: o próprio retrato de um walker, como os zumbis são chamados na série. Funcionou tanto como previsão de seu futuro como reflexo do que estava se tornando por opção própria.
O episódio em que Shane vai até a cidade com Otis para buscar medicação para um Carl (Chandler Riggs) moribundo é espetacular e a decisão de mostrar uma cena do personagem depois dos acontecimentos e depois voltar, contando como ele chegou até ali (recurso que os diretores adoram usar na série, mas felizmente utilizam somente nos momentos certos) não poderia ter sido usado em melhor momento. É tensão do começo ao final. E que final!
Mas nem tudo foi mortes e correrias. A temporada passou por períodos de "calmaria", em que a ação diminuía e os diálogos aumentavam. Alguns foram fracos ou mal conduzidos, como o drama da tentativa de suicídio de Beth (Emily Kinney). Outros renderam excelentes discussões sobre dilemas humanos, como o questionamento espiritual de Rick quando perderam Sophia ou a luta de Dale para que não tirassem uma vida humana.
Andrea, como estava parecendo nos últimos episódios da temporada, deve seguir os passos de sua personagem dos quadrinhos: uma mulher durona, mas ao mesmo tempo sensata e muito importante para o grupo. Mas fica ainda melhor. Ela deve voltar a se reencontrar com este ao lado de Michonne, popular personagem dos quadrinhos que acaba com os zumbis munida de uma espada.
Apesar da sua indiscutível qualidade, a série ainda precisa melhorar e uma das suas principais falhas está justamente no desenvolvimento de personagens, o que deveria ser um dos seus pontos mais fortes. Afinal, o que T-Dog (IronE Singleton) está fazendo ali? Carol (Melissa McBride) continua apática (ela teve um bom momento na morte de Sophia, mas só) e parece que vai tomar o lugar deixado por Andrea de mulher-chata-do-grupo. A família de Hershel (Scott Wilson), fora ele próprio e Maggie (Lauren Cohan), foi deixada no limbo, aparentemente só sendo preparada para o abate. E espero que Daryl (Norman Reedus) volte a ganhar espaço na terceira temporada. O episódio centrado no personagem foi um dos melhores, mostrando que ainda há muito o que mostrar dele.
E que venham Michonne, o Governador (com atores já escalados: Dana Gurira e David Morrissey respectivamente), a prisão e uma terceira temporada tão boa quanto as anteriores ou, por que não, até melhor do que elas.
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