23 de dez. de 2011

Vs. The World: Sinfest – The Webcomic to end all the webcomics!

Posted by Thaís Colacino On 12:08 0 comentários


 

 Você está lá, andando de boa na sua cidade e dá de cara com uma barraquinha do diabo, com o próprio sentado lá amigavelmente, esperando que alguém se interesse pela placa: “O que você quiser. $ = sua alma”. Esse é o primeiro quadrinho de Sinfest e sim, um dos personagens, Slick, senta na barraquinha.

Então é um HQ satânica? Não, longe disso. Tá mais pra budista (além do autor, Tatsuya Ishida, ser americano descendente de japoneses, Buddha também aparece). Sinfest é uma HQ cibernética (e que tem alguns livros lançados no exterior) que parodia tudo que tem direito, principalmente a moral e a religião. Deus, na série, usa fantoches dos personagens ou outros para se manifestar, sempre fazendo alguma voz de acordo e se escondendo atrás de nuvens. Somente quando o assunto é mais sério a tipologia usada muda, para mostrar autoridade. (Quando Lil-E tenta peitar deus, este responde: “Eu, tipo, criei o universo, sabia?”, e Lil-E, desbocado, retruca: “E daí, quer um cookie por isso?”).

Não posso deixar de mencionar também uma tirinha em que deus fica bêbado e dorme... e o diabo acorda porque sobrou pra ele governar o mundo (com festas de arromba e orgias).

O diabo é um capitalista de mão cheia, dono de redes que parodiam os Illuminatti, McDonalds, FoxNews, indústrias pornôs e até itens religiosos, entre outros. Enfim, o que for viciante ou causar idolatria (no caso dos itens religiosos e SEymour, vide abaixo).  Vive em sua mansão ultra-mega protegida com seu cachorro de três cabeças e suas ajudantes, Blue e Fuchsia, duas devil-girls que atormentam as almas que estão no inferno e seduzem os vivos para vendê-las. Mas, passado alguns anos, há reviravoltas.

Tanto deus quanto o diabo tem seus fanboys: Lil-E e Seymour. O primeiro é um típico troll da internet, paga de mau pra todo mundo, diz ser preconceituoso, mas idolatra o diabo, querendo ser melhor amigo dele, algo nem um pouco mal. Tem outros objetos “ruins” para prova que é mau: um console de wii em forma de tridente, um pelúcia do cachorro de três cabeças do diabo e cereais “maus”.

Já Seymour é o típico americano conservador, que tem uma auréola falsa na cabeça, que usa como acessório, e vive pregando por aí, sempre com Biblía em mãos e expondo seus preconceitos com orgulho, mas é medroso. Tem armas e é viciado em tudo que ele acredita ser de Jesus, visita constantemente uma lojinha de artigos religiosos que pertence ao diabo.

Há também dois anjinhos, Ariel e Ezekiel, que infernizam o diabo e tentam ajudar os personagens, sempre muito alegres e jogando purpurina nos outros. E também Jesus faz participações especiais, ora jogando baseball com o pai, ora imitando Goku de Dragon Ball, entre outras situações non-sense.

E no meio disso tudo, estão Monique, Slick, Squigley, Criminy. Os dois primeiros são artistas, cantores ou algo do gênero (eles fazem apresentações em palcos, ora dançando, ora fazendo rap). Nique é mais popular pela beleza e atributos físicos que usa esporadicamente pra incendiar os rapazes (em uma tirinha, ela e Slick fazem uma bela música que não atrai público, mas é só levantarem um pouco a blusa e saia que chove dinheiro neles). Nique tenta ser ativista, vegetariana e atualmente, andrógina, se rebelando contra o que nos quadrinhos está sendo chamado de Patriarquismo, e sendo apresentado como a Matrix.

Slick é o típico cara que quer pegar geral mas não tem carisma nem inteligência pra isso. Gosta mais do corpo das mulheres e é por isso que se interessa. Vendeu a alma pro demônio em troca de sucesso, fama e mulheres, mas teve o pedido recusado porque a alma dele não pagava isso. Quando foi aceito... recusou, por Nique. Slick tenta viver compreendendo o que está ao seu redor, principalmente as mulheres, tentando não ser pego entre deus e o diabo. Tem um laptop antropomórfico que já o tirou do inferno.

Squigley é um porco, fã de esportes, comida e de maconha. Sempre que fuma, seu sofá sai por aí como se fosse um avião, que ele pilota. O personagem usualmente ajuda Slick, seu melhor amigo, e também é alvo de preconceitos, seja porque é um porco, porque o acham feio ou gordo. E ele tenta lidar com isso.

Criminy não aparece muito no começo. É um típico garoto da biblioteca, sempre embaixo de uma árvore lendo, apelando para a razão e sendo extremamente educado. É geralmente a voz da razão (a única) da HQ. Tem dois livros de estimação: um Necronomicon (alguém perdeu e o diabo lançou um “BOMF” nele que deu vida ao livro) e uma Bíblia (que era de Seymour). Os dois livros se comportam como cachorros, e ele tenta domá-los. Passado algum tempo, desenvolve uma amizade e algo mais com Fuchsia.

Há também participações especiais de Buddha e de um dragão oriental (uma divindade). Buddha está sempre em cima de uma nuvem, sempre “zen”, nunca fala e espalha sua “zensidade” quando necessário (Jesus e o diabo também lançam coisas nas pessoas, Jesus salva, claro, e o demônio torna as coisas más ou as queima). O dragão conversa com deus, discutindo a vida humana e filosofia.

Outros personagens são o próprio quadrinista e seus dois animais: o gato Percy e o cachorro Pooch (que é cachorro em inglês). Percy é o típico gato que não ta aí pra nada, é um destruidor de novelos de lã, satirizador de Pooch e acha que o dono serve a ele. Mas tem um coração mole, como vemos quando Pooch fica doente. Já Pooch é o típico cão: feliz, ama o dono e sua bolinha, sua comida e sua vida, um completo otimista. E o quadrinista... é um quadrinista que vive na mesma cidade que os outros personagens, buscando inspiração, chamado de “Mestre” pelos animais.

Há também o Uncle Sam e Lady Liberty, que aparecem quando o autor fala da política dos EUA. Obama (superstar) também já apareceu como um herói. Há participações da morte, um assassino contratado, e dos anos novo e velho (um bebê e um senhor que é caçado pela morte)

Sinfest é uma das melhores (pra mim, a melhor) webcomic. Trata de assuntos sérios e mundanos, e também morais e religiosos com ironia, sarcasmo e, por vezes, com seriedade. Aborda principalmente questões de gênero, relacionamentos, sexualidade e religião. Por vezes também aborda política. Tem romance, ação e reflexões, tudo com muita comédia. Há evolução de personagens, de mentalidade dos personagens e do traço do autor. A história, diária (nos domingos é maior e colorida!), é bem desenvolvida e gera identificação com qualquer público. Se você entende inglês, não deixe de conferir! É viciante.

Confira abaixo mais algumas tirinhas (clique para aumentar):

 


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