22 de dez. de 2011

Era uma vez: Ainda que fosse uma mera ficção...

Posted by Fátima Leite On 16:19 0 comentários

Admirador incontestável do tio Cícero, o policial militar. Talvez seja este o motivo que mais influenciou na direção que a vida de Júlio Santana tomaria. Até descobrir algo que destrói toda esta apreciação...

O Nome da Morte é um livro intenso, induz o leitor a virar cada página para saber logo o rumo que os personagens ganharão. Esta intensidade se traduz pela emergência de conhecer o que se passa na cabeça de uma pessoa igual a qualquer cidadão comum, com sua família, seus amores, seus sonhos, suas decepções, que impunha ato brutal contra “alguns”. E o motivo, injustificável, claro.

O ato ao qual me refiro é assassinato.



A obra do jornalista Klester Cavalcanti traz à tona uma miscelânea de sentimentos que se misturam em diversas situações. Sem neologismos e com muito sofrimento envolvido, o contexto histórico ocorre na ditadura. Sem saber a amplitude do momento histórico que se passava no país, Júlio estava inserido em um ambiente ímpar. Na Guerrilha do Araguaia participou da captura do guerrilheiro José Genoino Neto e foi o assassino da comunista Maria Lúcia Petit da Silva.

Esses foram apenas alguns entre as centenas de nomes ao qual Júlio teve o seu associado, afinal foram 492 pessoas assassinadas por ele, incluindo nessa lista uma criança, homens e mulheres, e ainda, um homem que teve sua vida interrompida apenas porque fora confundido.

Ler o livro torna possível perceber que há verossimilhança na obra, aproximando a história ao leitor pela forma como é escrita. A biografia escrita por Cavalcanti, além de apresentar jornalismo, é abundantemente literária, repleta de detalhes e descrições do ambiente, bem como as sensações, os sentimentos, e traz à tona uma realidade brasileira pouco revelada.

Prevalece no livro a função de linguagem referencial, haja vista a grande quantidade de informações que o autor deposita no decorrer do texto.

A história flui e chega ao fim, mas nos deixa a missão de refletir até que ponto o ambiente em que convivemos, atrelado aos nossos anseios e ambições, são capazes de nos influenciar.

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