Ocupar uma posição na realeza britânica não é o suficiente para se tornar um bom líder do povo. O poder de persuasão e de comunicação é indispensável quando se está em tal posição, como é apresentado em O Discurso do Rei. O cineasta Tom Hooper transformou o longa num exemplar para os admiradores de boas histórias, ainda mais quando, neste caso, elas aconteceram efetivamente.
A trama roteirizada por David Seidler conta a história de Albert Frederick Arthur George (Colin Firth), pai da atual rainha da Inglaterra, Elizabeth II, que era o segundo na linha de sucessão do Rei George V, depois de seu irmão Edward. Nas vésperas da guerra contra a Alemanha de Hitler ele se vê obrigado a assumir o trono, pois seu irmão havia abdicado devido a interesses pessoais. Sem conseguir proferir uma frase sem gaguejar, George necessita aprender a falar, literalmente.
Com o apoio de sua esposa, a Rainha Elisabeth (Helena Bonham Carter), ele passa a ser atendido pelo excêntrico Lionel Logue (Geoffrey Rush), que tem a difícil tarefa de fazê-lo expressar-se com clareza e eliminar de vez a gagueira que o perseguia desde criança. Sem se aprofundar muito nos verdadeiros motivos da gagueira de George, o filme deixa a encargo do público algumas interpretações ao mostrar a rígida educação da realeza, o que poderia ter interferido no crescimento do indivíduo, deixando-o com traumas profundos que só serão identificados com o passar dos anos.
Uma produção grandiosa e requintada envolveu o espectador desde os primeiros minutos de filme. Com um roteiro focado em diálogos, O Discurso do Rei teria tudo para se tornar um filme muito sisudo e monótono, porém a linguagem cinematográfica utilizada de forma tão competente o deixou leve e agradável. Os enquadramentos marcantes transmitiram com facilidade as aflições de George e sua dificuldade de se expressar.
A discreta trilha sonora composta por Alexandre Desplat acompanha toda a pressão vivida pelo futuro rei. Responsável pelas trilhas de A Rainha e O Curioso Caso de Benjamim Button, as melodias tocadas em piano renderam ao compositor sua quarta indicação ao Oscar.
Com um elenco que fez jus a grandeza do longa, o resultado não poderia ser melhor. Colin Firth interpretou o rei George de forma natural e impecável, e o público torce por ele para que consiga vencer de uma vez por toda sua gagueira e possa assim representar sua nação. O Oscar de Melhor Ator foi devidamente merecido. Helena Bonham Carter também surpreendeu a todos que estavam acostumados com seus personagens burlescos, se entregando a um personagem determinado e sensível.
O destaque também vai para o experiente Geoffrey Rush, ousado e autêntico, que deu vida a um dos personagens mais primordiais da trama. Através dele o espectador pode notar o crescimento de George e sua contribuição para que o rei chegasse ao objetivo final.
Surpreendentemente, o filme que pouco se ouviu falar levou para casa quatro importantes prêmios da 83ª edição do Oscar, vencendo as categorias de Melhor Filme, Diretor, Ator e Roteiro Original - todos mais do que merecidos. O Discurso do Rei é sem dúvida um grande filme que deve ser conferido por você e sua família.
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