2 de mar. de 2013

Crítica: Hitchcock

Posted by Aline Guevara On 14:05 0 comentários


Intitulado sabiamente de Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock criou algumas obras-primas do gênero para o cinema, como Um Corpo Que Cai, Os Pássaros, Festim Diabólico, Janela Indiscreta e, claro, um de seus maiores trabalhos, Psicose. E é sobre a produção deste filme, tão importante para a história do cinema, assim como a relação entre o cineasta e a sua esposa Alma Reville, que Hitckcock é focado. 

Hitchcock já começa mostrando as dificuldades pelas quais o cineasta (Anthony Hopkins) passou desde o começo para dar início àquele que seria um de seus maiores trabalhos. Após o lançamento de Intriga Internacional muitos críticos começaram a apontar que já estava na hora do diretor se aposentar, para o horror do próprio. Na busca por algo novo que calasse a boca daqueles que o criticavam, Hitchcock se depara com o livro Psicose, cuja história, baseada em um serial killer real, está sendo execrada pela crítica. Se por causa da identificação com a situação vivida pelo autor da obra ou porque realmente viu algo especial na publicação, o cineasta decide que este será o seu novo filme.

O que Hitchcock não esperava era a rejeição que o projeto iria sofrer do estúdio e da imprensa, e, sem ter muitas opções, ele mesmo financia a produção. E essa seria só a primeira das muitas dificuldades pelas quais Psicose teve que passar para ficar pronto. No meio disso, também acompanhamos Alma (Helen Mirren - praticamente co-protagonista de Hitchcock), que sempre trabalhou junto com o marido nos roteiros de seus filmes, cansada da falta de reconhecimento do seu trabalho e um tanto enciumada da relação do cineasta com as suas "loiras geladas".

A transformação de Anthony Hopkins em Hitchcock é um pouco exagerada e caricatural demais, mas o ator encarna com maestria os momentos mais introspectivos do cineasta, em que nada precisa ser dito para que entendamos o que se passa em sua cabeça. A maquiagem, que foi indicada ao Oscar, é realmente incrível - quase não dá para reconhecer Hopkins. Já Helen Mirren está excelente na pele de Alma e as cenas de diálogos entre ela e Hopkins são ótimas.

Hitchcock ainda tem um excelente elenco coadjuvante, como a sempre correta Scarlett Johansson vivendo Janet Leigh, a atriz protagonista de Psicose, Jessica Biel como Vera Miles, a atriz que ganhou o desafeto do cineasta, e Toni Colette, totalmente desperdiçada como secretária. 

Mas ainda que seja interessante ver o relacionamento de Hitchcock e Alma nas telonas, alguns dos momentos mais empolgantes do filme são aqueles em que o diretor está produzindo efetivamente Psicose, sejam nas divertidas entrevistas com o elenco ou nas filmagens se relacionando com os atores.


O filme tem alguma dificuldade em achar o seu ritmo, se mais leve, no tom de comédia, ou mais pesado, incluindo-se aí o drama de Alma Reville quanto a ter que suportar a personalidade excêntrica do marido e a obsessão dele por suas atrizes, assim como o próprio Hitchcock, que imerge tão intensamente no estudo de seu assassino de Psicose que começa a se confundir com ele. A mistura dos dois gêneros não ocorre de forma orgânica e é impossível não sentir estranheza ao ouvir uma piada logo após a uma cena tensa e vice versa.

O filme não é excepcional, como poderia se esperar de uma produção focada em Alfred Hitchcock, mas faz um retrato interessante do mestre do cinema de suspense e quem gosta do cineasta não deve sair decepcionado, pois é muito bom vê-lo espiando pela janela ou pelo buraco na parede, entre tantas outras atitudes tão tipicamente hitchcockianas. Também existem várias referências aos seus outros filmes e os fãs devem se divertir procurando.

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