12 de jan. de 2013

Crítica: A Viagem

Posted by Thaís Colacino On 00:00 0 comentários

Indo direto ao ponto, A Viagem (Cloud Atlas) é um estupendo filme que sintetiza a vida em seu círculo de ações e erros repetidos, assim como emoções comuns mesmo aos mais diferenciados seres. É um filme seis em um, mas nem por isso é complicado de entender e as histórias se conectam, como diz o slogan do filme, principalmente através da arte, além dos constantes encontros dos protagonistas com outros, em outras vidas.


A Viagem é um adaptação do livro de David Mitchell, publicado em 2004 e considerado infilmável. Então entraram os irmãos Andy e Lana Wachowski, diretores de Matrix e do subestimado Speed Racer, e o diretor alemão Tom Tykwer, de O Perfume - A História de um assassino, e deram um jeito. 


Nas cenas iniciais do filme um dos personagens de Jim Broadbent (o professor Horace Slughorn de Harry Potter) escreve e pede aos leitores que tenham paciência, pois apesar de não parecerem, as histórias que ele redige são correlatas. E não, ele não está escrevendo o filme.



Há várias histórias em A Viagem: a de um advogado doente em um barco e um escravo fugitivo; um talentoso compositor em busca de reconhecimento; uma jornalista que descobre uma eminente calamidade; uma tribo que foge de canibais; uma garçonete clone que cria um problema político enorme; um editor ganancioso que acaba em um asilo. Em quase todas as histórias todos os personagens aparecem, mesmo sendo outros. Como assim? Bom, as histórias se passam em tempos e lugares diferentes, e, apesar de serem os mesmos atores, muitos estão irreconhecíveis, com personalidades e rostos completamente transformados.


O trabalho de maquiagem dos atores é estupendo. E se até a legenda pede que você fique nos créditos finais para ver qual ator interpretou quem nos diferentes tempos, é porque vale a pena. O único que é reconhecível em todos é Tom Hanks, já os outros atores não, ficando completamente alterados ou modificados.

Acredite ou não, esse é Hugh Grant
Hugo Weaving como Georgie

Um dos pontos positivos do filme é que, por contar diversas histórias, tem em si atrativos para agradar os mais diversos tipos de público: há cenas de ação, drama, comédia, amor, superação, embates políticos e filosóficos, religião, preconceito, tudo misturado em ficção científica.




É complicado citar uma ou outra interpretação que se destaque quando se junta atores como Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, James D'Arcy, David Gyasi, Susan Sarandon e Hugh Grant. Todos fazem um excelente trabalho, destacando-se em uma ou outra parte e mostrando diversificação dentro do próprio filme, já que a maioria dos persoangens oscila entre pessoas 'boas' ou 'ruins' (menos Hugo Weaving, que só é 'mau').


As conexões dão-se de diversas maneiras, seja através dos encontros entre os personagens, objetos artísticos (livros, músicas e filmes) ou por emoções. De fato, o filme parece dividir as histórias pelas emoções vividas pelos diferentes personagens em situações diferentes, e a cada ciclo que se acaba uma nova emoção toma conta. Reparem bem: há a apresentação, a revolta, a superação, o pedido por ajuda, a luta pela liberdade, a coragem, a esperança...


Ao apresentar tais emoções, A Viagem também as evoca com sucesso no espectador e, porque não, os conectando a outras pessoas em outros lugares e tempos, tudo através da arte.

"Nossas vidas não são nossas. Estamos vinculados a outras, passadas e presentes. E de cada crime e cada ato generoso nosso nasce nosso futuro."


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