13 de out. de 2012

Crítica: Ruby Sparks - A Namorada Perfeita

Posted by Natália Lins On 18:52 0 comentários


Confesso que fui assistir Ruby Sparks – A Namorada Perfeita, com dois pés atrás, porque, com esse título digno de um filme da sessão da tarde não me empolgou muito. Pois bem, o início até correspondeu com minhas expectativas, mas logo a trama que foi vendida como comédia romântica, se transformou em um verdadeiro drama, com reviravoltas e cenas fortes que refletiam a mente de um adolescente problemático. 

A figura central do longa é Calvin, um rapaz tímido interpretado por Paul Dano, que alcançou o sucesso e pôde experimentar a fama em seu primeiro livro, mas que está sofrendo um certo bloqueio devido ao medo de não agradar e o enorme vazio que parece sua vida. É nesse momento que ele começa a sonhar com uma garota especial e coloca no papel essa fantasia. Mas algo inacreditável acontece, a jovem sai do papel e se torna real, ficando a mercê das palavras de Calvin em sua máquina de escrever, se tornando a tão sonhada namorada ideal, ou quase ideal. 


Ela não é perfeita, ela tem personalidade própria, estranha a sua maneira, alguém que não segue a cartilha do que ele acredita ser certo, mas tudo isso faz com que ele se apaixone por ela. Quando a situação começa a sair do controle Calvin percebe que se tentar construir o que quer, acabará destruindo o que ama. 

O roteiro da atriz Zoe Kazan, que dá vida a Ruby construiu uma história em um compasso próprio, que permeia entre a descoberta, euforia, tensão, o que deve agradar ao público hipster. Alguns personagens secundários também souberam agradar, como o irmão de Calvin, Harry, vivido por Chris Messina e que tira boas risadas do público. Mas também existem os secundários que não brilharam tanto, como o personagem de Antonio Bandeiras, que interpretou o pai do protagonista. 


Mesmo se tratando de um drama sobre solidão e egocentrismo o longa consegue fazer o público rir, mesmo que risadas pontuais; seja por um diálogo ou por uma interpretação desajeitada. Algo que os diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris já haviam apresentado no grande sucesso Pequena Miss Sunshine


Com o passar das horas, a história cresce e foge totalmente àquele início cheio de clichês de uma comédia romântica. Mas a perturbadora dúvida te acompanhará mesmo após a saída da sala, como a garota ganhou vida? Como foi que ela surgiu realmente na vida de Calvin? É melhor não se ater a isso e deixar-se levar na fantasia do drama. 

A fotografia de Matthew Libatique (Cisne Negro) imprimiu tons que traduzem os ânimos dos personagens, por vezes ensolarado e cheio de vida e, muitas outras onde somente o total branco da casa de Calvin fica em evidência. Uma bela trilha sonora de Nick Urata embalou o longa, e que sem dúvida foi um elemento fundamental para a história. 


O desfecho não foi muito assertivo, olhando do ponto de vista da proposta do filme até então. Talvez com certo medo de torná-lo alternativo e assim perder parte do grande público. Vá assistir Ruby Sparks sem nenhuma pretensão. Ele pode se tornar melhor do que parece.



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