10 de mai. de 2012

Era uma vez: O livro do Cemitério

Posted by Bueno Neto On 15:36 0 comentários



“A mão estava no escuro e segurava uma faca. A faca tinha um cabo de osso preto e lustroso e uma lâmina mais afiada que qualquer navalha (...). A faca tinha feito quase tudo o que fora fazer naquela casa, e ambos, lâmina e cabos, estavam úmidos."



Pelo primeiro parágrafo de "O livro do Cemitério" podemos notar que o costumeiro tom sombrio de Neal Gaiman se faz presente, começando pela faca ornamentada e cortando por todo o livro, com a trama em um cemitério habitado por fantasmas e todo tipo de seres sobrenaturais. Mas, apesar do tom sinistro da ambientação, podemos sentir o conto de fadas em que se transforma o livro e assim podemos caminhar entre a fantasia e o terror, assim como o personagem principal caminha entre as lápides e o mundo dos vivos.

Na trama, um homem chamado Jack assassina toda uma família e, enquanto o crime era consumado, um bebê engatinha até um cemitério que existia no fim da rua que sobe a colina, o que acaba salvando-o de seu trágico destino.



Com misto de sorte e coincidência característicos de um conto de fadas o bebê é encontrado no cemitério por um casal de fantasmas da Inglaterra vitoriana que há muito tempo desejavam um filho e por Silas, um misterioso e sobrenatural “zelador” do cemitério. Percebendo que a vida do bebê continuaria em risco entre os vivos, uma reunião foi feita entre os mortos com aval da “senhora cinza” (que nos faz acreditar ser uma figura doce e materna da morte), foi dado ao menino a “liberdade do cemitério” e um nome, Ninguém Owens.



Continuamos conhecendo Ninguém Owens conforme ele cresce e vive entre os mortos graças à “liberdade do cemitério” que o permite, entre outras coisas, ver e falar com fantasmas, atravessar paredes, assombrar, vagar por sonhos alheios. Cada capítulo segue a forma de um conto e nos mostra não só Ninguém em cada grande momento de sua vida, mas também o aprendizado que ele tem dentro e fora do cemitério. Ele aprende sobre história com fantasmas que realmente viveram a história, conhece perigos que os vivos conhecem como mitos e convive com lobisomens e vampiros vistos de uma forma bela de contos de fadas. Para Ninguém Owens, aprender a conviver com os vivos parece ser até mais complicado do que tudo que pode ver no cemitério. Claro não nos esquecemos do homem chamado Jack e não importa quantos anos passem, Jack não irá descansar até terminar o que começou.




O Livro do Cemitério, é uma história fortemente influenciada pelo clássico "O Livro da Selva", de Rudyard Kipling, como citado pelo próprio autor. Gaiman também é famoso por temas e tons sombrios de muitas de suas histórias, como "Coraline", "Deuses Americanos", e sua HQ mais famosa, "Sandman". O Livro do Cemitério junto das palavras de Gaiman e as lindas ilustrações de Dave McKean consegue ser um conto de fadas sombrio e belo.

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