Quando
você joga o Jogo dos Tronos, ou você ganha, ou você morre.
Muitas foram as frases da série Game of
Thrones que caíram nas graças dos fãs e foram repetidas incessantemente, até
mesmo por quem nunca viu Sean Bean interpretando Ned Stark ou nunca leu os
escritos de George R. R. Martin. Mas é essa constatação de Cersei Lannister
sobre o implacável jogo político que melhor nos prepara para o que vamos
encontrar na história da série de HBO. Sua segunda temporada está prestes a
começar, já no próximo domingo (1º/04).
Baseada na série de livros As Crônicas
de Gelo e Fogo de Martin, a primeira temporada do seriado retrata a história do
primeiro volume da saga épica com maestria. Com o investimento do canal HBO e a
qualidade dos produtores e roteiristas David Benioff e D. B. Weiss, o formato
seriado de televisão nunca se mostrou um espaço mais apropriado para uma
adaptação literária. O escritor já havia recebido propostas de transformar sua
obra em filmes, após o sucesso de O Senhor dos Anéis, mas, sabiamente, recusou.
Uma trilogia cinematográfica não seria o suficiente.
A trama se inicia além da Muralha, onde homens jurados à Patrulha da Noite, ordem que protege o grande muro de gelo, são executados por cadáveres que voltam à vida no devastador ambiente branco e gelado do extremo norte do continente de Westeros. Nos levando a Winterfell, a séria nos leva a conhecer Ned Stark (Bean), o grande Senhor e Protetor do Norte, e sua família, que acompanharemos durante toda a história. Somos apresentados a esposa de Ned, Lady Catelyn (Michelle Fairley), ao seu herdeiro, o corajoso Robb (Richard Madden), ao doce Bran (Isaac Hempstead-Wright), à destemida Arya (Maisie Willians), à ingênua Sansa (Sophie Turner) e ao pequeno Rickon (Art Parkinson). Ainda há Jon Snow (Kit Harington), filho bastardo de Stark, que irá se juntar à Patrulha da Noite.
Ned precisa ir ao sul para servir ao seu
monarca como Mão do Rei, uma espécie de governante que tem poder para agir em
seu nome. Mas como já esclarece o ditado popular de Westeros, “o Rei caga, a Mão
limpa”, o Senhor de Winterfell terá muitos problemas ao chegar à capital Porto
Real. Principalmente com a traiçoeira Rainha Cersei da casa Lannister (Lena
Headey) e com ninho de cobras que é o conselho real, como o ardiloso Mindinho
(Aidan Gillen), o misterioso mestre dos segredos Varys (Conleth Hill), o
aparentemente inofensivo Meistre Pycelle (Julian Glover) e o irmão do Rei,
Renly (Gethin Anthony).
Enquanto isso, do outro lado do oceano
na cidade livre de Pentos, acompanhamos Daenerys (Emilia Clarke) e Viserys
Tagaeryen (Harry Lloyd), últimos da linhagem dos reis-dragões e herdeiros de
Aerys, rei que foi morto na rebelião de Westeros e resultou no trono para o
atual soberano, Robert Baratheon (Mark Addy). Sedento por vingança à todos
aqueles que foram responsáveis por seu exílio e querendo seu trono de volta,
Viserys vende a irmã como esposa de um guerreiro selvagem em troca de um
exército. O acordo inicia a menina em uma jornada dolorosa, mas que a
fortalecerá e a tornará uma mulher poderosa.
Umas das grandes ideias da trama é
não explorar muito o lado sobrenatural da história de início. Nada se resolve
simplesmente em um passe de mágica no mundo de Game of Thrones, o que nos
frustra e nos fascina ao mesmo tempo. Mas o fantástico está ali, à espreita,
como nos é mostrado logo na primeira cena da série. Nem todos os habitantes de
Westeros (para não dizer a maioria) o veem e frequentemente o ridicularizam com
suas mentalidades estreitas e racionais.
Com design de produção excepcional, mal
conseguimos perceber o uso do cromaqui para criar os fabulosos cenários que
formam o continente de Westeros na série. Mas muitos dos cenários foram
construídos, outros adaptados e filmados em diversos países diferentes, como
Irlanda (filmagens básicas e Winterfell), Malta (Porto Real) e Islândia
(Muralha).
Mas assim como é no livro, a série são
de seus personagens e cada ator envolvido nesse projeto merece parabéns. Sean
Bean está acostumado com personagens medievais, mas faz um excelente trabalho
interpretando o honrado Ned, conferindo-lhe o olhar cansado e as feições duras
de quem já viu no mundo muito mais do que gostaria. Emilia traz uma
graciosidade e leveza que nos fazem temer por sua personagem de início, mas
cresce junto com Daenerys e se faz digna da princesa Targaeryen. As crianças
são simplesmente incríveis. Maisie Willians é fantástica como Arya, até mesmo
fisicamente elas são parecidas (como a personagem é descrita no livro). Isaac
também vive bem tanto o Bran sonhador quanto o menino amargo que se torna e
Sophie Turner é encantadoramente chata. Encarnou a Sansa.
Quando Aidan Gillen e Conleth Hill estão
em cena é até difícil desviar a atenção. O embate de ideias e ameaças entre
Mindinho e Varys é impressionante (diálogo, inclusive, inexistente no livro),
revelando o quão perigosos podem ser os dois personagens. E por fim, mas não
menos importante, Peter Dinklage. O ator vem recebendo merecidamente todas as estatuetas
de atuação das grandes premiações (Emmy, Globo de Ouro). Brilhante, ele vive o personagem
mais complexo e interessante da trama, o anão Tyrion Lannister.
Vale lembrar que os mais sensíveis podem
ter algum problema ao assistir a série, que não só não tem pudor em mostrar
cenas bem violentas como mutilações, assassinatos, estupros, como também
retrata cenas fortes de sexo e incesto. Mas tudo tem uma razão de ser na série,
nada é gratuito.
Com apenas 10 episódios (um melhor que o
outro), a primeira temporada foi um sucesso com o público. Para quem não
conhece, é sua chance de começar a acompanhar uma das melhores produções feita
para a TV. E para quem já assiste, está preparado para a segunda temporada? Eu
estou! Winter is coming.
1 comentários:
Eu não vejo a hora de ver, gosto muito do Sean Bean por causa de Sda
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