14 de fev. de 2012

Das Prateleiras: As Canções de Amor

Posted by Janaína do Amaral On 23:38 0 comentários



Existem pessoas que não gostam de musicais, o personagem está lá passando por uma situação X e de repente começa a cantar. A fórmula foi usada em Chicago, Hairspray, DreamGirls, enfim. Mas, foi o cinema francês que conseguiu ver além dessas possibilidades narrativas e estéticas concretizadas pela indústria norte americana.

O cineasta Chistophe Honoré, autor de “Canções de Amor” (Les Chansons d'amour, 2007) construiu a trama ade modo que a parte musical não é um corpo estranho ao enredo, mas sim um instrumento narrativo, que tem a mesmo peso dos outros artifícios dramáticos. A música entra numa discussão entre um casal ou dentro de um questionamento profundo sobre a vida e o amor, tema central do filme. Na trama o riso se confunde com a emoção, e a honestidade das letras conseguem representar o humor, a amizade, o cotidiano.

Ismäel ( O galã francês, Louis Garrel) e Julie (Ludivine Sagnier) formam um jovem casal. Entre seus desencontros, com medo da solidão, eles partem para um relacionamento a três com Alice (Clotilde Hesme). Formando um triângulo amoroso no qual cada cada tem suas dúvidas e funções indefinidas.

Dividido em três partes, o filme é amarrado pelo conflito da perda, causado pela morte inesperada de um dos vértices do triângulo. Ismäel, até então um rapaz brincalhão e alegre, tem que encarar suas fragilidades. Incompleto e carente, ele tem que lidar com a dor de perder a namorada, a morte chega para contrastar com o equilíbrio musical, que o enredo tinha até então.Num momento temos três jovens alegres pela noite nas ruas de Paris, e no outro vem o descompasso causado pela destruição de um ideal romântico.

O desfecho “Canções de Amor” é original, não há a pretensão de forçar um final feliz forçado. Com um extremo cuidado e muita leveza é estabelecido a relação de Ismäel com Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet). No retrato do cotidiano criado por Honoré, o inesperado é a peça central. A moral de história não existe, e cada um constrói a sua história, só é preciso reinventar modos de sentir, dar a oportunidade de preencher vazios. Um filme sobre amor, na cidade do amor, Paris.





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