25 de fev. de 2012

Crítica: Tão Forte e Tão Perto

Posted by Aline Guevara On 18:26 0 comentários


É difícil não pensar em Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close) como um drama artificialmente forjado sobre as tristes lembranças que ficaram pós-atentado às torres do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, em Nova York. A indicação que ganhou ao Oscar na categoria de melhor filme, portanto, é vista com ressalvas. Porém, após ver o filme a impressão deixada é menos de uma elegia aos mortos nos desabamentos e mais de uma jornada para tentar lidar com a perda de alguém querido, ainda mais em uma situação tão brusca e inesperada. A produção é uma adaptação do livro Extremamente Alto & Incrivelmente perto, de Jonathan Safran Foer.

O filme do diretor Stephen Daldry (de Billy Elliot e O leitor) relata a história de Oskar Shell (Thomas Horn), um garoto excepcionalmente inteligente e maduro que acabou de perder o pai (Tom Hanks) nos atentados e devido a forte ligação que havia entre os dois, tem muitos problemas em lidar com a sua morte. Após um ano da tragédia, ele encontra uma chave nas coisas do pai e começa uma busca para encontrar o que o objeto abre, dessa forma tentando reviver as memórias paternas e aplacar a dor que sente.

Em diversos momentos existem cenas e diálogos que tentam induzir emoções mais afloradas e o resultado soa tão artificial que o filme perde sua força. Parte da crítica norte-americana o acusou de explorar a tragédia para arrancar mais lágrimas do espectador. De fato, as diversas ligações do pai do menino enquanto está no World Trade Center em chamas e a referência àqueles que pularam do prédio durante o atentado são exageradas. Mas o filme vai ganhando força ao longo da projeção e da jornada do garoto Oskar.

Apesar de nomes de peso como Tom Hanks, Sandra Bullock, Viola Davies (em excelente participação) e Max Von Sydow, nenhum dos atores renomados consegue tirar a atenção do espectador do pequeno prodígio Thomas Horn. Protagonista indiscutível do filme, ele tem momentos brilhantes, especialmente quando Oskar, geralmente tão racional, deixa extravasar suas emoções. As cenas do menino com a mãe são ótimas, sejam as mais explosivas ou as mais contidas.

Colocar os atores veteranos como coadjuvantes na trama foi uma decisão acertada. Tom Hanks está absolutamente inexpressivo como o pai e marido carinhoso, enquanto que Sandra Bullock acerta em todos os seus momentos na tela, dando peso as suas poucas cenas como a mulher que sofre em silêncio. Aliás, se a participação escassa de Bullock e Hanks é um ponto positivo para o filme, o crescimento do personagem de Max Von Sydow é fundamental para o seu crescimento. Para quem não se lembra, o ator sueco de 82 anos interpretou o padre Merrin em O Exorcista e também fez o cavaleiro em O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, protagonizando uma das cenas mais clássicas do cinema: o jogo de xadrez com a morte. Interpretando um personagem mudo, ele se utiliza de suas expressões e seus incríveis olhos azuis para transmitir uma mensagem. Merecidíssima a indicação à melhor ator coadjuvante ao Oscar.



Se o filme conseguir ganhar a estatueta mais desejada do Oscar amanhã a noite, será mais um azarão que conquista o prêmio, do lado de outros títulos que poderiam ser mais merecedores. No entanto, isso não elimina sua qualidade. É um bom filme e trata um tema difícil com bastante sensibilidade.  

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