The Killing é a adaptação americana de uma série dinamarquesa de sucesso, Forbrydelsen (O crime, em tradução). Provavelmente é por seguir os moldes europeus que o programa se mostra tão diferente das séries de investigações criminais que estamos acostumados a acompanhar. No entanto, seu season finale deixou os espectadores com opiniões divididas: uns amaram e outros odiaram. (Spoilers abaixo)
Eu entendo os dois lados da questão, pois fiquei bem no meio termo diante do episódio 1x13 - Orpheus Descending. Então vamos a ele: quando tudo apontava para que o vereador Richmond se revelasse o assassino de Rosie Larsen (o que faria todo sentido uma vez que a trama política tem tanta importância na série) eis que somos surpreendidos novamente. A prova que condena o político na verdade foi forjada pelo detetive Holder, coisa que Linden descobre nos últimos segundos, já dentro do avião, prestes a deixar Seattle.
Apesar do episódio final não descartar completamente a possibilidade de Richmond ser o assassino de Rosie, ele reduziu bastante as chances do ser o vereador, na minha opinião. Acho que depois de todo o espetáculo que foi armado para a prisão do suspeito só para em seguida invalidar a prova que tornou tudo possível, duvido que retornarão a ele como o crimonoso com um "ah, era ele mesmo viu". Ao mesmo tempo que o final nos deixa frustrados com a não conclusão do caso e uma espectativa de mais enrolação e pistas falsas no caso, ele também levanta discussões interessantes sobre os motivos do detetive, além de deixar espectativas sobre qual será a reação de Linden em relação ao parceiro.
A temporada teve muitos pontos altos, com destaque para o piloto que dosa com sabedoria os momentos de tensão para criar um final emocionante, o relacionamentos dos detetives Linden e Holder, em especial para o excelente episódio em que a investigação fica suspensa e o filho da policial desaparece, e para os momentos de luto da família Larssen, que definitivamente são de despedaçar o coração do mais durão. Até mesmo boa parte da trama política é instigante, ainda que distancie o espectador da trama principal. O clima sobrio e chuvoso da cidade de Seattle dá o clima perfeito para as investigações. As atuações são impecáveis, com destaque para Mireille Enos (Sarah Linden), Joel Kinnaman (Stephen Holder), Michelle Forbes (Mitch Larsen) e Brent Sexton (Stan Larsen). Todos esses motivos são mais do que o suficiente para dar uma conferida na série.
O grande problema do seriado, no entanto, foi o grande número de pistas falsas e supeitos falsos lançados ao longo dos episódios. Os momentos de tensão e suspense iniciais eram bons, mas com uma conclusão que nada agregava para a investigação e que se mostrava cada vez mais absurda só para permitir esse suspense levava a uma frustração tão grande que talvez não devessem ter sido feitos a exaustão, como ocorreu. Sim, estou falando principalmente do arco de histórias do professor Bennet. Alguém realmente acreditava que o assassino de um seriado de 13 episódios seria descoberto no 6º? Quem eles queriam enganar? O pior é que foi elaborada uma história tão mirabolante para encaixar nas suspeitas dos detetives (e nas nossas também) que no fim pareceu um tanto forçado.
É praticamente impossível ignorar a semelhança de The Killing com outra série que foi uma sensação quando começou a ser exibida: Twin Peaks. Pra começar, as duas partem da mesma premissa, uma garota encontrada assassinada, em lagos, se estendem por toda a temporada e até além, e quando começam as investigações percebe-se que nada é o que parece ser e todos guardam segredos, principalmente a jovem morta. Quem matou Laura Palmer agora é quem matou Rosie Larsen. É claro, as semalhanças não se estendem muito além disso. Enquanto a série de David Lynch se estende para uma questão sobrenatural e traz uma trama e personagens particularmente excêntricos, The Killing se apega ao drama real.
Ambas as séries tiveram ótimos começos, elogiados tanto por crítica quanto por público. Twin Peaks acabou revelando a identidade de seu assassino no começo de sua segunda temporada, graças a pressão que os produtores do show fizeram no diretor David Lynch, e sofreu um declínio de qualidade e audiência brutal, que levou ao seu cancelamento. Será que é esse o destino que aguarda The Killing? Não me parece que seja esse o caso, uma vez que os problemas das séries parecem ser diferentes. No entanto esperamos que a conclusão do caso Rosie seja satisfatória (a produtora Veena Sud já disse que esta será apresentada na próxima temporada) antes de prosseguirem a série a partir de outro crime.
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