21 de jan. de 2012

Crítica: As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne

Posted by Janaína do Amaral On 13:26 0 comentários




Clima de aventura, um personagem desbravador e uma caça ao tesouro. Esses ingredientes contribuíram para que um jornal francês comparasse o arqueólogo Indiana Jones, de Os Caçadores da Arca Perdida (1981), com o repórter aventureiro Tintim. Foi a partir dessa comparação que o diretor Steven Spielberg conheceu a obra do desenhista belga George Remi, o Hergé (1907-1983). Talvez o ambiente e o roteiro aventura tenha ajudado o diretor a se apaixonar pelo universo de Tintim e os planos para levar o personagem para os cinemas começaram daí. Tanto que o autor dos quadrinhos já havia confiado ao diretor essa missão.

Assim nasceu a oportunidade de Tintim ganhar as telonas. Spielberg amadureceu, ganhou alguns Oscars e a ideia de adaptar as aventuras do jornalista amadureceram com ele. Além disso, as aventuras de Tintim foram a primeira experiência do diretor com animações. Entretanto, a realização de “As aventuras de Tintim – O Segredo do Licorne” não tão fácil. Foi necessário reunir outros apaixonados pela obra para dividir esforços, assim Peter Jackson entrou no na história. Com experiência na técnica de captura de movimentos na saga O Senhor dos Anéis, o dono de uma empresa especializada em efeitos especiais foi essencial para que a adaptação seja tão real, e ao mesmo tempo tão parecida com os quadrinhos.

De fato é preciso ressaltar a dificuldade e bom trabalho, neste caso, em se adaptar HQs para 3D. Em especial se tratando de uma obra que foi precursora de uma escola de desenho que preza pelo traço forte, sem sobras, conhecido também por suas “linhas democráticas”, que não priorizam nenhum personagem ou objeto em cena.

Os cenários do filme são exuberantes e na transição para animação os personagens não perderam suas características marcantes. Tintim com seu rosto juvenil e capitão Haddock com sua barba e rosto inchado, além de Dupont e Dupond, com o bigodes que os diferenciam. Percebe-se também uma preocupação em equilibrar o ar de realidade com um pouco de fantasia, com a permanência desses traços caricatos.


Para compor o roteiro Spielberg se inspirou nos quadrinhos O Segredo de Licorne (1943) e o Tesouro de Rackham, o Terrível (1944). A trama gira em torno de um tesouro, Tintim (Jamie Bell, Billy Elliot), acompanhado do divertido Capitão Haddock (Andy Serkis, O Senhor dos Anéis) e do cão Milou, luta contra o vilão Rackham.

Milou garante umas cenas divertidas, assim como a paixão do capitão pelo uísque além de ser engraçada tira o ar Disney (onde tudo é lindo e não é problemas). Há perseguições que dão ritmo e enchem os olhos dos espectadores, personagens misteriosos, mal encarados, códigos secretos. A receita que Spielberg sabe como fazer. Tintim realmente lembra Indiana Jones, até faz uma referência na sequência da fuga da moto com sidecar.


A principal diferença entre os dois é que nas aventuras do repórter a imaginação do diretor não tem limites. A técnica de animação permitiu que Spielberg levasse pras telas um duelo de guindastes. Não que fosse impossível fazer isso do modo tradicional, mas a técnica utilizada que já traz uma distância da realidade dá uma justificativa mais forte. Sem falar das belíssimas fusões de imagens, o deserto que vira mar, a garrafa transforma-se numa luneta.

Ainda no início da década de 80, Hergé confiou à Spielberg a missão de adaptar as aventuras do personagem para o cinema. Será que ele teria imaginado que passados mais de trinta anos a essência do personagem permaneceria, mas as cenas ganhariam tamanha velocidade e jeito de videogame?

Tintim é famoso na Europa, Hergé é considerado o Walt Disney europeu, mas nos Estados Unidos o personagem é um desconhecido. No entanto, vêm conquistando espaço: lá o filme arrecadou US$ 69 milhões, mas a bilheteria mundial chega a US$ 348 milhões. O filme levou o Globo de Ouro de melhor animação no domingo passado; foi indicado na mesma categoria para o BAFTA, que será anunciado no dia 12, e é favorito para o Visual Effects Society, que julga as produções do gênero.











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