Tokyo Babylon é o mais triste mangá que já li. Produzido pela Clamp, lançado em 1991 (por aqui foi em 2005, com sete volumes publicados pela JBC) e precede os eventos do famoso X-1999, que falava sobre o fim do mundo. Tokyo foca no relacionamento entre Subaru e Seishirou, como se conheceram e qual a motivação da rivalidade mortal deles em X-1999. Há também o OVA e até um live action, mas vamos falar do mangá.
Na história de Tokyo Babylon, Subaru Sumeragi é o décimo terceiro chefe do clã Sumeragi e trabalha com onmyouji (sendo o mais poderoso do Japão), que realmente era um cargo de funcionário público no Japão. Eram especialistas em magia e adivinhação. Achava-se que eles também podiam controlar espíritos. Aindam existem, sem recursos do Estado e são tidos como algo parecido com sacerdotes xintoístas, mas o que fazem continua sendo oculto. Voltando para a história: como é um mangá, Subaru tem poderes e os utiliza para ajudar fantasmas, exorcizar espíritos vingativos e contra maldições.
Seishirou, Subaru e Hokuto |
A trama começa com um Subaru criança encontrando alguém embaixo de uma árvore cerejeira. A pessoa pergunta a ele se sabe por que as flores de cerejeira são rosas e faz uma aposta com Subaru, que não se lembra do que lhe foi dito, nem da pessoa. Após isso, é obrigado pela avó a utilizar luvas para cobrir marcas que ficaram em sua mão. A resolução dessa situação é explorada no mangá.
Mas a história não é simplesmente "detetive espiritual" com um fantasma por mangá. Subaru é ajudado pela irmã gêmea, Hokuto, ambos com 16 anos, e por um veterinário, Seishirou Sakurazuka, 23 anos, que Subaru conheceu na estação de metrô enquanto ia atrás de um pássaro-fantasma esquisito. (Uma curiosidade é que Hokuto, a irmã de Subaru, faz roupas para ele ir
trabalhar, assim como Tomoyo faz para Sakura em Sakura Card Captors,
lançado anos depois).
Seishirou é um assassino do clã Sakurazukamori |
A relação de Subaru com Seishirou é bem clara, pelo menos da parte de Subaru: estão apaixonados, mas não admitem nada e desconversam. Subaru admira o trabalho de Seishirou com os animais, pois ele mesmo deseja trabalhar com eles como profissão oficial. O que ele não sabe é que Seishirou também é um onmyouji, que protege o país contra as sombras, mas também faz parte de um clã de assassinos, os Sakurazukamori, que utilizam magia para matar. Ou seja, o cara esconde a verdadeira personalidade sombria e cruel dos irmãos e é um dos meus vilões (se é que posso chamar disso) favoritos dos mangás.
Com o decorrer da história, que desenvolve brilhantemente a personalidade de cada um dos protagonistas, vemos a mudança também do relacionamento entre os três e do inevitável conflito entre Subaru e Seishirou quando o primeiro descobre o que o último faz e como se livra do karma.
Subaru no fim de Tokyo Babylon |
As marcas da Clamp podem ser vistas por todo o mangá: belos traços detalhados, história complexa, densa e que não trata de assuntos leves, mas com ênfase no desenvolvimento psicológico. Tal desenvolvimento é claramente mostrado no comportamento e nos traços de Subaru: no começo, ele é um jovem amoroso e, podemos dizer, cheio de vida, enquanto no fim do mangá, com os acontecimentos fatais, ele passa a ser uma pessoas séria e triste, que é refletido no novo traço e na maneira em que passa a se vestir. Subaru parece só notar e aceitar a mudança quando um fantasma responde uma pergunta dele com a frase: "Ninguém aqui tem olhos tão tristes como os seus".
A história é apenas um prólogo, mas é o suficiente para entendermos o complicado relacionamento dos protagonistas, que tem um final (mais sangrento) em X-1999, outra grande obra da Clamp, da qual falaremos em breve.
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