5 de jun. de 2012

Das Prateleiras: Albert Nobbs

Posted by Natália Lins On 21:12 0 comentários




A época na qual a fome, as doenças e a emigração abalaram a Irlanda no século XIX foi cenário para o filme lançado no início desse ano, “Albert Nobbs”.

Dona de um hotel que tinha lá determinados luxos, a Sra. Baker (Pauline Collins) administrava diversos funcionários. Entre eles havia o mais discreto e reservado de todos: o garçom Albert Nobbs (Glenn Close), que economizava cada moeda que ganhava dos hóspedes, pois tinha o sonho de, um dia, abrir seu próprio negócio e se tornar independente.


Um determinado dia, em meio a sonhos e realidade, chega ao hotel o pintor Hubert Page (Janet McTeer), e o tímido garçom se vê obrigado a dividir sua cama com ele. Sem querer Hubert descobre que Albert na verdade é uma mulher com trajes masculinos e é a partir dessa noite o filme se desenrola.

Desesperado com a ideia de que o pintor poderia denunciá-lo, Albert pede insistentemente que ele não conte nada sobre o que viu e Hubert dá sua palavra de que não falará nada. Mesmo assim Albert continua desconfiado. Surge então na tela mais uma revelação: Hubert Page também é uma mulher que se veste como homem para sobreviver. 




Glenn Close está impecável no papel que lhe foi destinado, a caracterização da atriz está perfeita. Um espectador que não a conhece é capaz de se confundir quando a verdade vem à tona. Além da maquiagem, que de tamanha precisão recebeu a indicação ao Oscar (mas foi superada pelo filme “A Dama de Ferro”), a atuação da atriz mereceu destaque, não foi à toa que também recebeu a indicação ao Oscar de melhor atriz. Com uma capacidade incrível de transmitir ao espectador todas as sensações que lhe assombravam ou a alegravam e com um olhar extremamente expressivo, não foi preciso muitos diálogos para que houvesse compreensão por parte do receptor.


Ao descobrir que ela e Hubert compartilhavam do mesmo segredo, sente extrema necessidade em estar sempre por perto, afinal é a única pessoa que sabe quem Albert é de verdade. Grande foi seu espanto quando descobriu que Hubert Page era casada... com uma mulher. A partir disso, ela começa a refletir sobre o assunto e vê que existe a possibilidade de ser feliz ao lado de alguém.

Resolve então unir o “útil ao agradável” e desposar uma jovem dama que também lhe ajude nos negócios. Começa então a tentar conquistar o coração de uma das empregadas do hotel, Helen Dawes (Mia Wasikowska). Porém, o coração da jovem já está ocupado e o dito cujo é o novo empregado do hotel, Joe Mackins (Aaron Johnson), um jovem que aos poucos foi mostrando sua verdadeira face: a de um controlador sem escrúpulos.

O jovem interesseiro, ao perceber que poderiam tirar proveito do ingênuo Albert, logo faz com que Helen se envolva com o garçom, apenas para tirar o dinheiro que supunha que ele teria. Mia Wasikowska também atuou muito bem, com expressões que deixavam claro seu desconforto e embaraço com a situação, mesmo não fazendo ideia da verdadeira identidade de Albert Nobbs.
Com uma fotografia cinzenta que remete a situação do país, não é um filme que abusa dos diálogos e muitos deles são pausados, e tem um figurino impecável e na maioria das vezes monocromático.


Uma pena o roteiro não ter sido mais abrangente do ponto de vista da sexualidade do protagonista, um tema polêmico, que renderia grandes discussões sobre o machismo e a imposição da sociedade que ditava as regras do que era correto ou não. O foco é apenas os desejos dessa mulher que se esconde no corpo de um homem.




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