28 de mai. de 2012

Perdidos no Espaço da TV: House - final de série

Posted by Aline Guevara On 16:05 0 comentários


(Contém spoilers da 8ª temporada)

O controverso médico Dr. Gregory House (Hugh Laurie) se despede dos fãs e encerra sua história com a oitava temporada do seriado. Os produtores da série decidiram dar um fim a ela “antes da música parar, enquanto ainda há uma mística no ar”, mas talvez a queda acentuada na audiência da série, que sempre foi muito popular, tenha acelerado a situação. Decisão coerente, pois assim houve um tempo para preparar um final digno para a trama.


A oitava temporada, assim como pelo menos as duas anteriores, foi repleta de erros e acertos. House começa a história na prisão após invadir a casa da Dra. Cuddy (Lisa Edelstein). Apesar de ser interessante acompanhar como o médico se sai no ambiente hostil, não há muito tempo para isso. Mais uma vez, dão um jeito de levá-lo de volta ao hospital no segundo episódio e lá vai ele novamente para os típicos “montar uma nova equipe e resolver o caso da semana”. É claro que essa sempre foi a fórmula de House, mas geralmente os casos e as subtramas que as acompanham eram muito interessantes. Não é o que foi visto com tanta frequência na temporada, com uma sucessão de episódios fracos.

Alguns deles se sobressaem e merecem figurar entre os melhores, como o da garota com múltiplas personalidades, que divide seu tempo na tela com um House que quer descobrir o que matou um garotinho de quatro anos, caso cuja falta de solução atormenta os pais. A investigação paralela do médico quase ofusca o também interessante caso principal, tão envolvente que é. Também dá para destacar o caso do homem com Alzheimer e a luta de sua dedicada esposa (a Rose de Two And a Half Men!), ou o do milionário generoso, com uma maravilhosa participação de Treze (Olivia Wilde).

O episódio do acidente no hospital, com Chase (Jesse Spencer) como vítima, é primorosamente desenvolvido, com tensão e suspense, mostrando o começo do crescimento do personagem, grande sacada da temporada. Taub continua divertido, tendo que lidar com as filhas das duas mulheres que engravidou, mas não é muito desenvolvido. As duas novas moças da equipe, Park (Charlyne Yi) e Addams (Odette Annable) não chegam a atrapalhar, mas também não ajudam a história. Sem o mesmo carisma de suas antecessoras, nenhuma das personagens protagoniza cenas muito interessantes (apesar da destruição da antiga sala de ortopedia ser bem divertida). Mas o brilhantismo de Hugh Laurie continua ali, interpretando House e destilando seu mau humor, ironia e sarcasmo como nunca.

Ao chegarmos à The C-World, o décimo nono episódio, a descoberta do câncer em estágio terminal de Wilson (Robert Sean Leonard) nos tira da letargia que geralmente nos acompanhava ao assistir a oitava temporada. A partir daí, com a atuação emocionante de Leonard e a dúbia interpretação das ações de House diante da situação do amigo (altruísmo ou egoísmo?), sofremos e tememos novamente pelos personagens.

O episódio final não chega a ser brilhante e chocante, como foi o caso dos finais da quarta e quinta temporadas, mas é nostálgico e emocionante o suficiente para agradar os fãs. Usa-se mais uma vez alucinações para trazer de volta Kutner (Kal Penn), Amber (Anne Louise Dudek), a ex-esposa Stacy (Sela Ward) e Cameron (Jennifer Morrison). Homenageando Sherlock Holmes, que também finge sua própria morte, House engana todos, não volta para a prisão e decide partir com o melhor amigo para aproveitarem os últimos meses que lhes restam juntos. Faltou um pouco de ousadia, mas quem se acompanhou todo o sofrimento dos personagens ao longo da série deve ficar satisfeito com o “final feliz” para todos eles. A Dra. Cuddy faz bastante falta no episódio, mas não isso não chega a ser um problema.

Independente da instabilidade da série ao longo das temporadas, House marcou a televisão e a vida de muita gente. O especial que foi ao ar nos EUA antes do último episódio também serve para nos relembrar disso. Não é uma recapitulação do seriado, mas sim uma espécie de documentário, no qual podemos acompanhar por trás das câmeras, conhecendo um pouco de quem faz o show acontecer.

Mas sem dúvidas, é Hugh Laurie, com seu forte sotaque britânico que jamais vemos na série, que protagoniza as melhores cenas do especial, como quando ele leva Jennifer Morrison de volta aos estúdios e trocam palavras carinhosas. Ou quando explica como ele mesmo vê o seu personagem. É nesse clima de nostalgia, num claro tom emocional, que damos adeus ao médico mais ranzinza e brilhante da televisão.

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