Hatsune Miku tem 16 anos e é uma
popstar japonesa. Tem longos cabelos verdes presos no alto da cabeça e usa praticamente sempre a mesma roupa. Diferente de muitos outros artistas, não tem nenhum
escândalo, não usa drogas, nunca foi para uma clínica de reabilitação nem usa o
corpo ou roupas para se promover. Ela também foi a mais votada para ser o ato
musical de abertura das Olimpíadas de Londres em uma pesquisa não-oficial. Mas
ela também não existe.
Apresentação de World is Mine, ao vivo em Tóquio, 2010
Miku é uma Vocaloid desenvolvida
pela Crypton Future Media em 2007, ou seja, a música dela vem de um software
que sintetiza vozes, podendo alterar pronúncia, tom e vibração e adicionar
efeitos junto com a melodia. A voz de Miku foi fornecida pela atriz japonesa
Saki Fujita e modificada para nunca desafinar e atingir altas notas agudas. Ela
também faz apresentações ao vivo, com uma técnica de ilusionismo misturada à
tecnologia, utilizada recentemente no Coachella 2012 (explicarei abaixo).
Existem
vários outros vocaloids, como Sweet Ann, Megurine Luka, Kagamine Rin e Len,
entre outros.
Megurine Luka e Hatsune Miku - Magnet
O que chama muita atenção para
Miku é o fato dela ser um e nenhum. Explicando: qualquer fã pode pegar a voz
dela e criar as próprias músicas e jogar na internet. Caso faça sucesso, a
Crypton regrava e lança oficialmente. Ou seja, os fãs podem ver a popstar
cantar exatamente o que eles querem, gerando maior identificação. A Crypton até
sugere especificações para os fãs comporem as músicas. Outro fato é que, como
Miku não existe, não há uma personalidade definida para ela, fazendo com que os
fãs possam imaginá-la como quiserem e por fim dando toda a atenção para a
música e não para sua vida pessoal – e não deveria ser assim?
A carreira de Miku alastrou-se por cds e videogames, mas é principalmente famosa pelos shows, que reúnem milhares de fãs que pagam muito para vislumbrar a apresentação.
Holograma? Não. Ilusão.
Os shows de Miku e de outros
Vocaloids são feitos através de um sistema de projeção de vídeo de alta
definição, baseado em uma técnica ilusória criada por volta de 1860 e popularizada John Henry Pepper,
que costumava fazer “fantasmas” nos palcos.
Como funciona? Um filme fino e metalizado
é colocado na frente do palco, embaixo da tela, há uma imagem brilhante de LED ou um projetor.
Quando visto da audiência, a imagem refletida parece estar no palco, em 3D.
A técnica já foi utilizada pela
banda Gorillaz em 2005 e 2006, por Miku e outros vocaloids em 2007. Já foi
utilizada para o lançamento de um carro da Toyota e até mesmo para ressuscitar
artistas falecidos, como Frank Sinatra, que cantou “Pennies from Heaven” no
aniversário do ex-juiz do American Idol, Simon Cowell, e no último fim de semana
houve a versão do rapper 2Pac, no festival de música Coachella, em 2012. Devido
à grande comoção por essa apresentação, é provável que iremos ver muito mais ilusões de artistas. Alguns fãs já
sonham com Kurt Cobain e Freddie Mercury.
Gorillaz e Madonna - Feel Good Inc + Hung Up / Grammy 2006 (a primeira aparição de Madonna também é ilusão)
2Pac, Snoop Dog e Dr Dre, Coachella 2012
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