Das prateleiras: Mary & Max - Uma Amizade Diferente

O brilhante trabalho realizado pelo australiano Adam Elliot (vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação por Harvie Krumpet em 2004) carrega características bem diferentes do que estamos acostumados a ver nas animações. E a técnica do stop motion é que dá vida aos bonecos feitos de argila.

O filme conta a história da grande amizade que se fortaleceu com o tempo entre Mary, uma garotinha australiana que sofria com a ausência do pai e com o alcoolismo da mãe, e Max, um judeu já com seus quarenta e poucos anos que possui a síndrome de asperger, que o torna antisocial e inseguro.

Cada qual em seu mundo, ambos com a sensação de solidão. O mundo para eles é incompreensível e perturbador. A amizade nasce a partir de uma simples troca de correspondências e perdura ao longo dos anos. Com suas visões, de certa forma distorcidas, acabam se completando.

Um filme que tem a capacidade de ser divertido e ao mesmo tempo profundo e trágico, abordando dramas particulares de cada personagem. Uma miscelânea de sensações. Um roteiro adulto apresentado em forma de animação.

A estética do filme chama a atenção de qualquer um. Tratado de maneira simples e até um pouco “fria”, os cenários permeiam entre o preto-e-branco e o sépia, o que contribui para tom dramático e profundo da história.

Temas nunca antes abordados estão presentes em Mary & Max. O que pode muitas vezes causar discussões e diversas interpretações. Assuntos de peso como alcoolismo, solidão, insegurança, traumas, fobias, distúrbios mentais, suicídio e obesidade estão em seu repertório.

Esse é mais um exemplo de que animações nem sempre são feitas apenas para crianças e jovens, muitas vezes é preciso um pouco mais de “maturidade” para compreender o verdadeiro significado por detrás de um boneco...