Uma declaração de amor a um país em forma de poesia é uma boa maneira de resumir Herói.
Herói conta a história de um homem sem nome (Jet Li), que diz ter matado os três principais assassinos dos sete reinos antes de serem unificados em um país, que querem matar o Imperador Qin. Porém, ao conversar com o Imperador, diversas versões da história aparecem. Seriam os assassinatos vingança? Política? Uma armadilha?
O filme de 2002 do diretor Yimou Zhang (Lanternas Vermelhas, Clã das Adagas Voadoras, Flores do Oriente) é uma belíssima obra de arte, com excelente roteiro e uma direção de arte e fotografia que embasbacam o espectador.
Afinal, é um tanto difícil não admirar e respeitar um filme que utiliza as tonalidades de cores diferentes para contar diferentes versões de uma mesma história, ajudando na ambientação e utilizando conceitos semióticos.
Por exemplo: as cenas que utilizam cores quentes, como vermelho, amarelo e laranja são utilizadas em cenas nas quais os sentimentos estão à flor da pele e guiam os personagens, ao passo que as cores frias, principalmente o azul, são utilizadas em cenas que pendem para a lógica, para a tristeza ou para o calculismo.
Outro ponto a destacar são as locações, principalmente a da luta mental do protagonista, que se dá sobre um lago tão límpido que reflete a paisagem ao redor e é sabiamente usado como elemento da luta, assim como as folhas da floresta amarela/vermelha.
As atuações, o roteiro, e, claro, as cenas de luta, são ótimos. Essas últimas podem parecer exageradas, no melhor estilo Tarantino de derrotar um monte de inimigos de uma vez, mas ele que foi inspirado pelo cinema chinês.
Herói deve ser visto como foi originalmente produzido: em chinês. Há a opção em inglês, mas o filme conta a história da unificação da China, tem elementos do alfabeto deles e, além de tudo, a versão inglesa soa muito falsa. Vê-lo de outra forma, portanto, é como ver uma cópia de um quadro: parece a mesma coisa, mas não atinge o mesmo nível de beleza.
0 comentários:
Postar um comentário