Nos dias de hoje (e sempre) falar da mãe de alguém é um insulto grande. No
Admirável Mundo Novo, o maior e mais indecente insulto é insinuar que alguém
tem mãe.
O livro de Aldous Huxley se passa em Londres do ano 632 d.F. (depois de Ford). Os humanos são todos criados cientificamente e divididos em castas genéticas e pré-determinadas. Cada uma dessas castas tem uma função na sociedade e se veste de uma cor que a identifique, apesar da aparência também poder dar indícios a qual casta a pessoa pertence. São cinco: os Alfas, detentores do conhecimento; os Beta, que possuem habilidades específicas para realização de tarefas e não trabalham tanto quanto os Alfas; os Gamas, Deltas e Ipsilons, todos são mãos de obra. Estes três últimos passam por um processo chamado Bokanovsky, no qual um embrião pode gerar até 96 seres humanos.
Nesta sociedade considerada civilizada (voltaremos a isso), as crianças são todas condicionadas a amarem o que fazem, além de uma ou outra especificidade da casta. Por exemplo: as castas baixas são condicionadas, ainda bebês, a odiarem livros, flores e o campo aberto, mas amam os esportes ao ar livre. O porquê disso é óbvio: dinheiro. Todos os esportes, principalmente os ao ar livre, requerem complicados equipamentos, além do transporte de ir até o campo. Nenhuma atividade gratuita é bem vista ou encorajada. Roupas furadas são diretamente jogadas fora e novas são compradas. Remendos, nem pensar.
Como dito, as crianças são condicionadas até virarem adultas. São também encorajadas a explorar a sexualidade desde pequenos, e livremente. Quando adultos, é de bom tom passar a noite com alguém, mas sem se prender a ninguém para evitar problemas como relacionamentos e sentimentos de posse. Se alguém ficar dias seguidos com a mesma pessoa, é repreendido. Os Alfas e Betas podem se relacionar, e algumas da mulheres são férteis, mas vivem tomando anticoncepcional. Os óvulos, de alto padrão, depois são retirados para a criação de uma nova leva de humanos.
Para coroar toda essa sociedade, as pessoas recebem diariamente, ao fim do expediente, uma dose do Soma, uma droga recreativa que leva a pessoa a um mundo fora da realidade, calmo e feliz, mas sem nenhum efeito colateral. E os dias dos humanos civilizados são quase sempre iguais: trabalhar, sair, se divertir (com esportes, dançando, indo ao cinema), transar e dormir.
Esse mundo novo é apresentado nos primeiros capítulos e depois acompanhamos Bernard Marx, um Alfa mas que deseja ser reconhecido. Para tanto, acaba levando a bela Beta Lenina para a Reserva Selvagem, que abriga humanos aos quais estamos acostumados: com cultura, medo, religião e relacionamentos monogâmicos. Acaba por encontrar John, filho do Diretor, chefe de Bernard (para saber porque o diretor tem um filho, leia o livro). Bernard resolve então levar John para a Civilização, a fim de apresentá-lo para todos, estudá-lo e, claro, tornar-se famoso, desejável, e deixar o Diretor em desgraça. Mas John não se adapta, nem um pouco...
“- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado. (John)
- Em suma – disse Mustafá Mond -, o senhor reclama o direito de ser infeliz.”
Mais que isso, o livro propõe que, na busca da
perfeição suprema, os civilizados desumanizem-se, pois lhes falta a fagulha que
torna os humanos o que são: apesar de manterem alguns preconceitos
(condicionados, contra as castas baixas) e se importarem muito (mais do que
vemos na sociedade atual) com a aparência, os humanos “civilizados” desse novo
mundo veem qualquer coisa que lhes fuja do padrão como um espetáculo, até mesmo
a dor e a morte. Relacionando com o que vemos hoje, quão distantes estaríamos desse
Admirável Mundo Novo?
O livro de Aldous Huxley se passa em Londres do ano 632 d.F. (depois de Ford). Os humanos são todos criados cientificamente e divididos em castas genéticas e pré-determinadas. Cada uma dessas castas tem uma função na sociedade e se veste de uma cor que a identifique, apesar da aparência também poder dar indícios a qual casta a pessoa pertence. São cinco: os Alfas, detentores do conhecimento; os Beta, que possuem habilidades específicas para realização de tarefas e não trabalham tanto quanto os Alfas; os Gamas, Deltas e Ipsilons, todos são mãos de obra. Estes três últimos passam por um processo chamado Bokanovsky, no qual um embrião pode gerar até 96 seres humanos.
Nesta sociedade considerada civilizada (voltaremos a isso), as crianças são todas condicionadas a amarem o que fazem, além de uma ou outra especificidade da casta. Por exemplo: as castas baixas são condicionadas, ainda bebês, a odiarem livros, flores e o campo aberto, mas amam os esportes ao ar livre. O porquê disso é óbvio: dinheiro. Todos os esportes, principalmente os ao ar livre, requerem complicados equipamentos, além do transporte de ir até o campo. Nenhuma atividade gratuita é bem vista ou encorajada. Roupas furadas são diretamente jogadas fora e novas são compradas. Remendos, nem pensar.
Como dito, as crianças são condicionadas até virarem adultas. São também encorajadas a explorar a sexualidade desde pequenos, e livremente. Quando adultos, é de bom tom passar a noite com alguém, mas sem se prender a ninguém para evitar problemas como relacionamentos e sentimentos de posse. Se alguém ficar dias seguidos com a mesma pessoa, é repreendido. Os Alfas e Betas podem se relacionar, e algumas da mulheres são férteis, mas vivem tomando anticoncepcional. Os óvulos, de alto padrão, depois são retirados para a criação de uma nova leva de humanos.
Para coroar toda essa sociedade, as pessoas recebem diariamente, ao fim do expediente, uma dose do Soma, uma droga recreativa que leva a pessoa a um mundo fora da realidade, calmo e feliz, mas sem nenhum efeito colateral. E os dias dos humanos civilizados são quase sempre iguais: trabalhar, sair, se divertir (com esportes, dançando, indo ao cinema), transar e dormir.
Esse mundo novo é apresentado nos primeiros capítulos e depois acompanhamos Bernard Marx, um Alfa mas que deseja ser reconhecido. Para tanto, acaba levando a bela Beta Lenina para a Reserva Selvagem, que abriga humanos aos quais estamos acostumados: com cultura, medo, religião e relacionamentos monogâmicos. Acaba por encontrar John, filho do Diretor, chefe de Bernard (para saber porque o diretor tem um filho, leia o livro). Bernard resolve então levar John para a Civilização, a fim de apresentá-lo para todos, estudá-lo e, claro, tornar-se famoso, desejável, e deixar o Diretor em desgraça. Mas John não se adapta, nem um pouco...
“- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado. (John)
- Em suma – disse Mustafá Mond -, o senhor reclama o direito de ser infeliz.”
Achou futurista demais? O livro foi lançado em
1932 e inspirou diversas obras, sejam elas musicais e cinematográficas, como
Iron Maiden (Brave New World), The Strokes (Soma), Pitty (Admirável Chip Novo),
Zé Ramalho (Admirável Gado Novo), os filmes Equilibrium e Gattaca, só para
citar alguns.
Admirável Mundo Novo causa um debate profundo:
seria mais civilizado abrir mão da liberdade que possuímos para a harmonia do
planeta, em uma felicidade imposta e constante, e cujo objetivo de vida dos
humanos é continuar a espécie e a evolução, tanto da raça como da ciência? Os
Selvagens, como vistos no livro, são seres como nós, levados pelo impulso,
desejo e consciência, livres, mas isso leva à violência e à desigualdade. Seria
melhor erradicar tais emoções?
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