Se não fosse pelos nomes de Wagner Moura e Lima Duarte, o filme brasileiro A Busca poderia passar despercebido, por vários motivos. Primeiro, pela sinopse que não diz muita coisa, segundo, pelas imagens promocionais genéricas que trazem o protagonista caminhando na estrada, que também não indicam muito da história. Mas ambos estão profundamente e perfeitamente atrelados com a intenção do longa, que se mostra um retrato sensível da relação de pais e filhos, e também das interações efêmeras entre desconhecidos que se unem devido a circunstâncias inesperadas.
Theo (Wagner Moura) e Branca (Mariana Lima) |
Wagner Moura interpreta Theo, pai de Pedro (Brás Antunes), garoto de 15 anos que tem que conviver com a eminente separação dos pais. Para desespero destes, o menino foge de casa após uma briga intensa e os dois precisam deixar de lado as divergências para tentar encontrá-lo. A partir de então, Theo parte em uma verdadeira busca pelo filho, seguindo suas pistas e refazendo o seu caminho. E ao longo dessa jornada ele se depara com o mais variado tipo de pessoas, muitas completamente diferentes de si mesmo, outras com surpreendentes similaridades, mas nenhuma encaixada na trama gratuitamente. Cada encontro, cada conversa provoca uma mudança no emocional do personagem e uma evolução, como se tudo o preparasse para o final da jornada.
O filme é focado em Theo e sua jornada para chegar até Pedro, portanto Wagner Moura carrega uma grande responsabilidade uma vez que permanece tanto tempo em cena. Mas o ator já cansou de comprovar a sua competência e mais uma vez faz um excelente trabalho. Muito distante de seu famoso Capitão Nascimento, Moura cria um personagem amargurado, envolto pela dor do passado, resquícios do relacionamento com o pai (Lima Duarte), e pela dor presente, resultado de seu fracassado casamento com Branca (Mariana Lima). Ele encontra determinação e força para seguir em frente (literalmente) no amor pelo filho e na esperança de encontrá-lo.
Pedro (Brás Antunes) |
Com direção de Luciano Moura, e roteiro do mesmo em parceria com Elena Soarez, o filme traz uma fotografia repleta de metáforas, como a piscina, em um momento inacabada e vazia, representando a família desfeita, e em outro momento, indicando uma mudança nos relacionamentos outrora debilitados.
O longa não procura ser didático e entregar ao público todas as respostas. Pelo contrário. O resultado final é um filme complexo, sensível e muito bem construído, não deixando de fora momentos bem humorados. Nenhuma dessas características impede que ele atinja e agrade públicos variados. Para nós, que estamos tão acostumados a ver as comédias banais e sem graça da Globo Filmes povoar os cinemas, A Busca se mostra um bom motivo para voltar às telonas e apreciar o cinema nacional.
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