Há oito anos os moradores dos subúrbios parisienses, em sua
grande maioria imigrantes africanos, organizaram violentas revoltas em resposta
a maneira desigual com que eram tratados no país. E foi baseado nesse cenário
que os roteiristas Olivier Nakache e Eric Toledano realizaram um excelente
trabalho em Intocáveis, o maior fenômeno da história recente do
cinema francês.
Baseado
na história real de Philippe Pozzo di Borgo, a mesma narrada no livro
autobiográfico “O Segundo Suspiro”, em que ele, herdeiro de uma família
tradicional francesa fica tetraplégico após um acidente de parapente. O
escolhido para interpretá-lo nas telonas foi François Cluzet, que o fez com
maestria. Philippe aparentemente aceitou com facilidade sua nova condição de
vida, onde agora em vez de dar ordens estava submetido à dependência
incondicional. Sua vida mudou a partir do momento em que conheceu seu cuidador,
que mais tarde se tornaria seu melhor amigo.
Enquanto
na vida real o verdadeiro cuidador de Philippe fora o argelino Abdel, na versão
cinematográfica quem lhe dá vida é o senegalês Driss, interpretado por Omar Sy.
Tudo feito para que as vozes que por muito tempo ficaram caladas pudessem ecoar
e mostrar o verdadeiro cenário dos subúrbios franceses.
O
choque cultural é evidenciado na tela ao retratar moradores da mesma cidade,
porém em ambientes tão diferentes, tudo de uma forma muito sutil, com viés
cômico em diversos momentos. Mas é exatamente essa "diferença" que os une de
maneira tão contagiante, pois um completa o outro. Driss se torna os braços e
pernas de Philippe, não apenas no sentido literal, mas a maneira com que
impulsiona sua vida que para ele já não havia mais tantas motivações. Philippe se torna a cabeça do outro,
apresentando-lhe a arte e o quão importante é para um homem ter
responsabilidade e caráter.
O
carisma dos atores somado a uma bela história de superação de vida sem dúvida
resultou em um grande sucesso, que cativou o espectador de tal forma que, mesmo
parecendo ser uma trama vista muitas vezes, onde o rico encontra o pobre, se
tornam amigos e a vida de ambos sofre alterações, mantém o interesse vívido até
o final. Sem esquecer suas identidades, são capazes de reconhecer que aquilo
que o outro tem a oferecer é primordial para seguir em frente.
1 comentários:
Filme foi simplesmente d+, te faz pensar, emocionar... E uma frase desse texto realmente expressa muito o que o filme tenta passar: "Mas é exatamente essa "diferença" que os une de maneira tão contagiante, pois um completa o outro."
E creio que podemos tirar isso como lição para nossas vidas...
Postar um comentário