14 de dez. de 2012

Crítica: O Hobbit

Posted by Aline Guevara On 19:00 0 comentários



Depois de 11 anos da estreia de O Senhor dos Anéis nos cinemas, é hora de voltarmos à frente da telona para vivenciar mais uma história saída da imaginação de J. R. R. Tolkien e talhada com brilhantismo pelo diretor Peter Jackson. Depois de alguns minutos de filme e passado um pouco a estranheza inicial dos 48 quadros por segundo, podemos garantir não só que a Terra Média está de volta, mas como ela existe de verdade e estamos imergindo nela.



O Hobbit se passa 60 anos antes do início de O Senhor dos Anéis e após vermos uma introdução com a participação especial de Frodo (Elijah Wood), acompanhamos o verdadeiro hobbit herói desta história: Bilbo (Martin Freeman). E como um bom e tradicional hobbit, ele fica horrorizado com o convite que o mago Gandalf (Ian McKellen) lhe faz para participar de aventura. E ainda por cima, uma perigosa. Quem iria sair de sua toca aconchegante e cheia de comida para acompanhar um bando de anões em uma caça a um tesouro guardado por um dragão terrível? Certamente que uma aventura dessas iria atrapalhar o seu horário de janta.

Mas Bilbo é convencido e junto com Gandalf, o misterioso líder dos anões, Thorin (Richard Armitage), e seu grupo de mais doze anões, parte em direção à Montanha Solitária e à cidade perdida de Erebor.

O filme é bem fiel ao livro, inclusive utilizando diálogos escritos por Tolkien – como a explanação sobre o "bom dia" do primeiro encontro entre Gandalf e Bilbo –, mas se O Senhor dos Anéis precisou ser cortado para caber em três filmes, O Hobbit precisa ser ampliado para fazer uma nova trilogia. Isso significa que vemos em tela bastante material que não existe no livro original, mas foi desenvolvido e sugerido por Tolkien em apêndices e rascunhos que a produção do filme teve acesso. Os personagens, principalmente alguns anões, são melhores desenvolvidos e Thorin ganha toda uma história complexa, uma personalidade cativante e uma motivação maior do que simplesmente recuperar o seu ouro. E, claro, Peter Jackson não deixa de colocar ganchos que vão ligar O Hobbit e O Senhor dos Anéis.

O Gollum de O Hobbit, por mais incrível que isso possa parecer, está ainda mais impressionante. Os 12 anos de avanço na tecnologia permitiram que as expressões faciais e corporais da criatura parecessem ainda mais naturais. Em determinado momento é possível sentir muita pena do personagem, somente pela expressão de seu rosto. Andy Serkins mais uma vez está de parabéns pelo trabalho.

As outras criaturas do filme também não devem nada ao Gollum. Os orcs estão assustadores e o rei deles é nojento de verdade. Assim como é a interessante inserção do Azog, o orc pálido, para ser o inimigo jurado de Thorin (alguém mais achou ele parecido com o Kratos, do God of War?).

A trilha de Howard Shore está magnífica mais uma vez. Ele não deixa de lado a melodia que já havia criado para O Senhor dos Anéis, mas acrescenta a ela novos acordes, como a música alegre que acompanha Bilbo no condado. Já a trilha feita para os anões é muito inspirada e traduz bem o espírito do povo rude, trabalhador e guerreiro.

Para não dizer que o filme não tem nenhum defeito, eu imagino que o começo pode ter sido um pouco arrastado. Demora até que os anões efetivamente entrem em cena e que a jornada de Bilbo comece. Portanto eu entendo quem sentir que a história demora a engrenar, mas eu particularmente só estava muito contente de poder assistir a mais cenas do Ian Holm e do Elijah Wood interagindo ("In a hole in the ground there lived a hobbit"). Fora esse momento, senti que tudo passou muito rápido.

Com uma bela cena no final (depois de uma luta alucinante), tudo o que você não quer é que o filme acabe. Mas depois de 169 minutos, o inevitável ocorre e sobem os créditos. E você não sabe se fica feliz por ter mais dois anos de O Hobbit para esperar ou se fica angustiado porque só vai assistir mais no final do ano que vem. Mas tudo bem, graças ao Peter Jackson sempre temos as versões estendidas!


O 3D e os 48 quadros por segundo

Acho que todo mundo deve estar curioso com essa nova tecnologia que o Peter Jackson emprega em O Hobbit. Eu também estava e fiquei impressionada com o resultado. Os 48 quadros por segundo permitem uma visão mais "limpa" e sem os borrões da câmera em movimento, e Peter Jackson se aproveita disso para criar cenas fabulosas como na entrada da cidade sob a montanha de Erebor ou mesmo a chegada à Valfenda.

Com o 48 quadros por segundo, a imagem também fica mais real, o que causa um estranhamento inicial, mas que passa logo. A textura da imagem nos dá a sensação de que poderíamos entrar nela e tocar os objetos em cena. Todos os detalhes são amplificados. E o 3D não deixa a desejar. Diferente dos outros filmes em 3D que se preocupam em atirar coisas na cara de quem está assistindo, o efeito em O Hobbit é mais sutil e mais eficiente, usado principalmente para dar profundidade aos ambientes e fazer com que nos sintamos realmente adentrando uma caverna ou um buraco.



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